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Consignado para o setor privado vira alvo de bancos

09/01/2008 às 16h26

jornal DCI 08/01/2008 - Luciana Bruno                     

Os bancos ABN Amro Real, Cruzeiro do Sul e BMG pretendem expandir suas carteiras de crédito consignado em 2008 ao atrair clientes do setor privado, segmento ainda pouco explorado pelas instituições financeiras quando se refere à oferta de crédito com desconto em folha.

Dados do Banco Central mostram que o consignado no setor privado tem crescido mais que o destinado ao setor público. Em novembro de 2007, o saldo das operações para funcionários dessas companhias somou R$ 8,1 bilhões, alta de 39,6% sobre mesmo mês de 2006. Enquanto isso, as operações no setor público tiveram saldo de R$ 55,6 bilhões, crescimento de 34,2%. Para este ano, a previsão da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e de analistas é de que a modalidade como um todo cresça 23%, ao saldo de R$ 59,1 bilhões.

Com uma carteira de consignado em R$ 3,5 bilhões, o ABN Amro Real quer se aproximar das empresas privadas, especialmente aquelas com as quais mantém contratos de folha de pagamento. A expectativa do banco é de que a carteira de empréstimos com desconto em folha cresça 30% em 2008. "Pretendemos ampliar os atuais 5 mil convênios com empresas, entre médias e grandes", explica Eduardo Jurcevic, superintendente de investimento. "Mas também olhamos para aquelas onde não temos as folhas, porque o cliente não precisa ser correntista para contratar o consignado", diz. Segundo ele, o setor privado ainda é pouco explorado. "Nossa maior dificuldade era entrar nas empresas, pois, muitas delas não permitem a divulgação de produtos. Outra dificuldade era o temor em relação ao endividamento do funcionário e, para resolver a questão, damos palestras de orientação financeira. As companhias estão se abrindo mais". Ele lembra que fatores macroeconômicos - como a estabilidade econômica, a ampliação da renda e a maior formalização - tem contribuído para que esse segmento se tornasse mais interessante para os bancos.

Por oferecer risco maior - já que no setor público o funcionário tem mais estabilidade - as operações de consignado na iniciativa privada são mais caras. "No entanto, são mais em conta que crédito pessoal", diz Rafael Durer, sócio da RDI Consultoria. Ele explica que, enquanto no setor público as taxas variam de 2,5% a 3% ao mês, no privado ficam entre 4% a 5% ao mês.

Fausto Guimarães, superintendente de Relações com Investidores do Cruzeiro do Sul, especializado em consignado para funcionários públicos e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), comenta que o banco pretende expandir em 2008 o consignado para empresas privadas, projeto que estava em análise. "Recebemos uma demanda por parte de nossos clientes de middle market (médias empresas) para criar o produto", diz. O banco prevê crescimento de 15% na carteira de R$ 2,5 bilhões. Já o BMG, um dos maiores originadores de consignado do País, anunciou que terá mais atuação no setor privado este ano. Hoje, só 5% de sua carteira de R$ 10 bilhões é destinada a esses funcionários.

Além da estabilidade no emprego, outro desafio para o consignado nas companhias é a operacionalização, segundo Durer, da RDI Consultoria. "Ainda é caro oferecer consignado em uma empresa com menos de 2 mil funcionários", diz. Para ele, a solução seria softwares mais baratos.

O analista lembra que o consignado deve crescer menos em 2008. "Também haverá efeitos do aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que representará alta de 1,6% nas taxas anuais do consignado". Para Rafael Paschoarelli, professor de Finanças da Universidade de São Paulo (USP), a estabilidade da economia favorece o consumo, "o que torna o setor privado mais interessante" .

Apesar de o setor privado ter se tornado foco, Jurcevic, do Real, diz que o crédito a aposentados e pensionistas continuarão como carro-chefe. Ontem, o INSS informou que suspendeu empréstimos até que consolide mudanças nas regras, como o aumento do prazo de 30 para 60 meses e a redução do limite de endividamento de 30% para 20%. As normas serão publicadas na quinta-feira.

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