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Consignado já atinge R$ 56,3 bi

02/07/2007 às 12h26

Fernando Travaglini 02/07/2007 - Valor Economico          

O volume de empréstimos pessoais atingiu o patamar de R$ 100,8 bilhões, até maio deste ano, segundo os dados do Banco Central. O grande responsável é a evolução do crédito consignado com desconto em folha de pagamentos, que atingiu R$ 56,3 bilhões, com avanço de 46% nos últimos 12 meses.

Apesar do forte crescimento, acima das outras linhas (22,7% em média), houve uma desaceleração em 2006 fruto da saturação do mercado, principalmente nas linhas de empréstimos para o INSS, que responde por 52,5% do total. Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Renato Oliva, das 525 mil operações com aposentados realizadas em maio, apenas 181 mil são de novos pensionistas que entraram no sistema.

"Em média, cada aposentado já pegou 2,3 empréstimos", ressalta o executivo da entidade, que também é diretor do Banco Cacique, forte nesse segmento.

Com o mercado próximo do limite, os bancos buscam novos caminhos para o consignado. O Banco Real, por exemplo, iniciou parcerias com sete fabricantes de eletroeletrônicos e com uma rede de varejo (de móveis) para oferecer produtos financiados aos clientes consignados do banco, em uma espécie de oferta fechada. "O mercado de consignado para bens de consumo ainda vai crescer bastante", diz.

Segundo o superintendente da área no Real, Eduardo Nassipe, este segmento é estratégico e o banco vê forte potencial de expansão. "O consignado ainda pode atingir entre R$ 100 bilhões e R$ 150 bilhões. Faltam dois terços do mercado para ser acessado", acredita.

O Panamericano é outro que aposta bastante nesse avanço. O banco passou de uma carteira de R$ 1,5 bilhões para os atuais R$ 4 bilhões em menos de 12 meses e pretende investir em ofertas para pequenas prefeituras, com menos de 500 funcionários, que antes eram desprezadas pelo sistema devido aos custos operacionais mais elevados, explica o diretor da área, Roberto Rigotto.

"A carteira está muito tomada. Não tem mais demanda reprimida como havia no começo", avalia. O banco tenta também entrar nas empresas, mas a inadimplência ainda assusta. "Esse é um contingente pouco explorado, mas a alta rotatividade do setor privado e a possibilidade de crise nas empresas torna a operação mais difícil", lembra.

No sistema público, a taxa de atraso é de cerca de 2% (com taxa de juros de 2,7% em média), contra 7% de inadimplência nas empresas (e taxa média de juros de 3,3%). Como os juros são mais elevados compensa o risco maior. Além disso, a taxa de 7% é inferior às outras linhas de crédito (10% em média) e ao cartão de crédito (13%), pondera Rigotto.

O saldo de crédito consignado para beneficiários do INSS está em R$ 19,7 bilhões. O governo anunciou ainda nova redução da taxa máxima para concessão desses empréstimos. Para o gerente nacional de pessoa física da Caixa Econômica Federal, Zaquel Soares Ribeiro, ainda há espaço para crescer nesse mercado e mesmo para novas reduções da taxa de juros. Na Caixa, 60% da carteira de R$ 6,2 bilhões é formada por aposentados e pensionistas do INSS.

O consignado começou a ser operado no final de 2003. Enquanto a modalidade avança, o crédito pessoal tradicional perde espaço. O crescimento médio anual dos empréstimos com desconto em folha foi de 67% desde 2004, enquanto no mesmo período, o crédito pessoal tradicional evolui apenas 13,4% ao ano. Uma das explicações, segundo o diretor do Panamericano, é a falta de garantias reais.

"Houve uma migração dessa modalidade para os bancos comerciais. Antes as pessoas procuravam as financeiras para esses empréstimos, mas como não temos conta corrente, não temos uma garantia e fica mais difícil avaliar melhor o crédito". Dessa forma, as financeiras diminuíram a oferta desse produto. "Como solução, estamos focados em linhas com garantias reais, como o consignado e o financiamento de veículos. E preparamos a entrada no mercado imobiliário", revela o diretor do banco.

A diferença mais aparente, no entanto, diz respeito às taxas. Enquanto o consignado oferece, em média, algo próximo a 3% ao mês, que capitalizado para o ano corresponde a cerca de 40% ao ano, o empréstimo pessoal está na casa dos 6% ao mês (próximo a 100% ao ano).

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