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Consignado cresce menos e já chega próximo do teto
10/04/2007 às 08h49
jornal Valor Econômico 09/04/2007 - Fernando Travaglini | |
Depois da forte expansão do crédito consignado nos últimos anos, quando cresceu mais de 80%, em 2004 e 2005, o segmento apresentou evolução menor em 2006, de 52%. A desaceleração se manteve nos dois primeiros meses do ano, quando o saldo da carteira de empréstimos com desconto em folha de pagamentos subiu 5%, inferior aos 9% do mesmo período do ano passado e dos 16% de 2005. Para este ano, analistas esperam crescimento entre 35% e 40%. A explicação, segundo o diretor do Banco Cacique, Renato Oliva, é que o segmento se aproxima do teto. "Quando foi criado, em maio de 2004, havia uma demanda reprimida muito grande entre os aposentados, por isso 2005 foi tão destacado. Hoje a demanda já está estabilizando", avalia o executivo, que também é vice-presidente da Associação de Brasileira de Bancos (ABBC). A carteira de crédito consignado atingiu R$ 50,5 bilhões em fevereiro deste ano, segundo dados do Banco Central, representando 54,6% do crédito pessoal (R$ 92,6 bilhões). Desse total, R$ 18 bilhões são operações de aposentados e pensionistas do INSS. O gerente nacional de empréstimos à pessoa física da Caixa Econômica Federal, Zaqueu Soares Ribeiro, concorda com o diagnóstico. "Estudos mostram que, dentro de uma empresa, cerca de 30% apresentam propensão marginal para tomar crédito e, pelos dados da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev), dos 20 milhões de aposentados e pensionistas atendidos pelo INSS, 7,5 milhões já tomaram empréstimos consignados até o início de abril, 38% do total", explica. As pequenas financeiras, que puxaram esse forte crescimento no passado recente, reclamam da forte concorrência com a entrada dos grandes bancos; taxas de captação mais altas e outros custos, como a taxa da Serasa, também mais elevados. De fato, o Banco do Brasil, último dos grandes a entrar nesse segmento, conseguiu, em apenas dois anos, saldo em carteira O diferencial, segundo a gerente da área de varejo do banco, Ângela Assis, é a grande capilaridade. "Temos uma base muito grande de servidores públicos e uma facilidade muito grande para contratação tanto on-line quanto nas redes de atendimento", explica a executiva que aposta na renovação dos empréstimos atuais para crescer. Segundo o presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Érico Ferreira, uma forma de enfrentar os grandes é fortalecer as instituições de médio porte. "O crescimento dos bancos médios com as recentes aberturas de capital na bolsa é importante para todo o sistema e ajuda os micro e pequenos", avalia. Outra reivindicação antiga dos pequenos é a possibilidade de vincular o recebimento dos empréstimos às contas benefícios, espécie de conta salário que não pode ter movimentação e é usada apenas para recebimento dos pensionistas. "Quando uma pessoa precisa receber os recursos em uma cidade não atendida pelo banco cedente do crédito, essa instituição precisa passar uma ordem de pagamento para um banco que atenda nesta cidade, com taxas que variam entre R$ 18 e R$ 45 que são repassadas para o tomador", explica o diretor do Cacique. Em um empréstimo com juros de 2,78%, os impostos reduzem a taxa para 2,67%. Quando existe a necessidade da ordem de pagamento, o ganho cai para 2,42%. "O custo de uma ordem de pagamento representa cerca de 3% do spread do banco, em torno de 10%", completa o executivo. A ABBC já fez uma solicitação para o BC alterar a regulamentação, mas a transação é complexa, já que esta conta não entra no empréstimo compulsório, podendo ter implicações na política monetária do banco. |