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Concessão de Crédito a cliente deve desacelerar neste ano
05/01/2007 às 14h58
Jornal DCI 05/01 - Cristiano Elói | |
A carteira de crédito do varejo brasileiro, que de acordo com estimativas ainda não totalizadas da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio), movimentou R$ 480 bilhões em 2006, deve crescer a um ritmo mais lento neste ano. O avanço dos grandes bancos sobre o crediário das principais redes varejistas tirou do comércio o controle sobre o crédito. Isso somado ao aumento da inadimplência durante o último ano, deve gerar um ambiente onde o aumento da renda será a grande variável para que o setor possa crescer a taxas vigorosas. Parcerias como a do Pão de Açúcar do Pão de Açúcar com o Itaú, Casas Bahia e Lojas Colombo com o Bradesco e Magazine Luiza com o Unibanco, fizeram com que houvesse uma melhora no resultado financeiro das empresas varejistas, mas agora elas dependem dos bancos para que haja aumento do crédito. Nos primeiros anos das parcerias, o aumento na oferta de dinheiro foi considerável. Em 2005, segundo dados do Banco Central (BC), houve um crescimento de 37% nos empréstimo para compras de bens duráveis, na comparação com o ano anterior. Até novembro de 2006, o crescimento era de 23,8%, usando como comparação os mesmos meses do ano anterior. E os analistas econômicos acreditam que a desaceleração deve continuar em 2007, para que não haja um aumento na inadimplência. “Não tem como continuar crescendo nesse ritmo, acredito que deve oscilar entre 18% a 20% em 2007; o consumidor já está endividado e a inadimplência aumentará”, alerta Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Análise Segundo os analistas, está havendo um certo esgotamento da política de reativação da economia brasileira com a injeção de maior volume de crédito. Outras alternativas deveriam ser estudadas para que haja um reaquecimento. Fatores como desoneração do setor produtivo, maiores investimentos na produção e aumento das exportações contribuíram para o crescimento neste ano. Também seria importante aumentar o número de empregos e fazer com que a renda cresça. “Ao invés de gerar mais consumo é preciso gerar mais consumidores e criando mais emprego e renda teremos um maior mercado consumidor”, argumenta Alfieri. Inadimplência O BC informa, que a taxa de inadimplência para pessoa física, após noventa dias do vencimento, cresceu 0,9% nos últimos doze meses e passou de 6,7% em dezembro de 2006, para 7,7% em novembro de 2006. Já, dados da ACSP, apontam que, no comércio paulistano o índice de inadimplência, passou de 5% em 2005, para 5,3% em 2006. Em 2004, o verificado pela associação era de 4,2%. “É um índice que não preocupa até agora”, diz Guilherme Afif Domingos, presidente da entidade Os analistas acreditam que, caso o crédito se expanda em um ritmo maior do que o aumento da renda a inadimplência crescerá bastante em 2007. “Se não tivermos um aumento na renda na mesma proporção e taxa de juros não cair, teremos problemas de inadimplência, mas só após março ou abril que teremos esse cenário definido”, argumenta economista-chefe da ACSP. A associação projeta que o índice de inadimplência chegue a 5,8% em 2007. “A renda deveria crescer na velocidade em que o consumidor não precisasse se utilizar de empréstimos para pagas as dívidas”, comenta Kelly Carvalho, assessora econômica da Fecomércio de São Paulo. Juros Estimativas da Fecomércio-SP, apontam que os juros pagos por pessoas físicas e jurídicas em 2006 alcançaram o montante de R$ 229 bilhões. Somente as pessoas físicas pagaram R$ 135 bilhões, o equivalente a 26% das vendas do varejo no País no mesmo ano. Na média, segundo o BC, o crédito para a pessoa tem taxa de juros de 48,3% ao ano. “Apesar da redução da Selic, a taxa de juros é elevada, se fosse menor o consumidor poderia destinar parte dos recursos para compras no comércio ou para poupar”, diz Kelly Carvalho, assessora econômica da Fecomércio. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) da Fecomércio, apontou que em dezembro de 2006, 61% dos consumidores tinham dívidas, sendo que 43% estavam com contas em atraso. Segundo a Fecomércio o maior nível de endividamento são das pessoas que ganham até três salários mínimos (76%). Já nos consumidores com rendimento entre três e dez salários mínimos o endividamento ficou em 71%. A menor taxa, 37%, foi detectada nos consumidores que ganham acima de dez salários. Dos consumidores que tem renda até três salários, 60% estão com contas em atraso. |