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Com medidas do governo, crédito começa a cair

28/04/2011 às 13h23

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Com medidas do governo, crédito começa a cair

 

Segundo o BC, volume diário de concessões de empréstimos a pessoas físicas diminuiu 5,4% este mês. Juros subiram

Patrícia Duarte

BRASÍLIA. As mais recentes medidas tomadas pelo governo para inibir o crédito e evitar mais altas na inflação — como o aumento de 1,5% para 3% na alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre os empréstimos voltados a pessoas físicas decidido este mês — já estão surtindo efeito nas taxas de juros, com altas expressivas, e nas concessões, com reduções no volume de empréstimo. Porém, o bom momento da economia brasileira, com mais emprego e renda, pode minimizar este movimento. Ou seja, as pessoas vão continuar fazendo suas compras financiadas.

As concessões médias diárias de crédito perderam força em abril. Até o dia 12, haviam recuado 5,4% para pessoas físicas e 8% para as empresas. Em março, o BC apurou que a média diária de concessões cresceu 3,5%, sendo que, para as empresas, a taxa foi de 5,5% e para as famílias, de 0,7%.

De acordo com o Banco Central (BC), até o último dia 12, os juros médios das famílias haviam subido 2,1 pontos percentuais, para 47,1% ao ano, o maior patamar desde maio de 2009 (47,3%). Em março, elas já haviam crescido de 43,8% ao ano para 45%. Para as empresas, este mês, os juros médios não mudaram, mas em março saltaram de 30,6% ao ano para 31,3%.

— Já estamos vendo o impacto do IOF — reconheceu o chefe do departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, acrescentando que os efeitos de outras medidas macroprudenciais também ainda são sentidos.

Entre as principais modalidades de crédito cobradas das famílias, destaque para o cheque especial, com alta de 7,2 pontos percentuais em março, para 174,6% ao ano.

— Os juros devem continuar subindo e o consumidor fica mais receoso, mas ainda há bastante confiança na economia. Ainda impera a ideia de que, se a prestação cabe no bolso, o consumidor faz c rédito. É preciso ficar muito atento — avaliou o vice-presidente da Anefac (entidade que reúne os executivos de finanças), Miguel de Oliveira.

Inadimplência acima de 90 dias em março ficou estável

Em dezembro, o BC anunciou uma primeira leva de ações que encareceram e limitaram o crédito de longo prazo voltado a bens de consumo duráveis. O governo tem buscado segurar as concessões de crédito para evitar mais pressões na inflação, reduzindo o consumo.

O crescimento do volume de crédito na economia perdeu força em março, ao avançar 1% sobre o mês anterior. Em fevereiro, esse crescimento havia sido de 1,3% e, no trimestre, de 2,7%. Com isso, acrescentou o chefe do departamento, o volume de empréstimos já cresce no ritmo esperado pelo próprio BC, na casa de 13% ao ano. Há pouco mais de um mês, o presidente do BC, Alexandre Tombini, chegou a afirmar que expansão de 15% ao ano não era desejável, por ser inflacionário, e defender que o razoável seria um ritmo entre 10% e 15%.

Ainda segundo o BC, a inadimplência acima de 90 dias em março ficou estável no segmento de empresas (3,6%) e, para pessoas físicas, houve uma leve alta de 0,1 ponto percentual, para 5,9%. Maciel, no entanto, não descarta a possibilidade de os calotes subirem nos próximos meses, já que as medidas macroprudenciais encareceram o acesso ao crédito. Sinal disso são os calotes entre 15 e 90 dias que, só em março, subiram 0,6 ponto percentual para pessoas físicas, chegando a 6,5%.

— Deve haver um aumento (da inadimplência) na margem, mas nada muito significativo. Temos aumento de renda e de emprego que compensam .

Esse movimento, no entanto, já começou a ser sentido pelo mercado. O executivo de um grande banco nacional informou que a inadimplência já começou a dar sinais de força e prevê que, a curto prazo, ela pode avançar ainda mais, sobretudo nos consumidores com renda inferior a R$3 mil mensais. Isso não é um problema estrutural, que traga riscos graves de solvências, mas lembra que as taxas de juros podem subir mais em decorrência da ampliação do risco.

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