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Com aprovação de relatório a favor do impeachment, dólar despenca

Moeda norte-americana recuou 2,83% nesta segunda-feira, maior queda em sete meses, e fechou o dia cotada em R$ 3,49

Fonte: Estado de Minas - 13/04/2016 às 02h04

O dólar desabou à menor cotação em sete meses em meio às expectativas de aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na comissão especial da Câmara dos Deputados. Ontem, a moeda norte-americana recuou 2,83%, cotada em R$ 3,495. A última vez que o dólar fechou abaixo de R$ 3,50 foi em 21 de agosto do ano passado, quando bateu R$ 3,396. Também foi a maior queda diária desde 24 de setembro de 2015, quando despencou 3,73%.
 
Nem mesmo a intervenção tripla do Banco Central, que fez uma rolagem e vários leilões de swap reverso (operação equivalente à compra de dólares no mercado futuro), foi capaz de estancar a desvalorização da divisa dos Estados Unidos. Em apenas duas sessões, a queda acumulada é de 5,39%. Em abril, o dólar recuou 2,83%, e, no ano, as perdas acumuladas somam 11,5%.
 
Na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), o efeito do cenário político se esvaiu ao longo do dia. O pregão abriu em alta, mas os ganhos foram desacelerando. No fim da tarde, o Ibovespa rumou para o terreno negativo e fechou com queda de 0,25% aos 50.165 pontos.
 
Na avaliação do economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall, o mercado consolidou a ideia de que a votação da comissão seria favorável ao impeachment. “Teve um movimento lá fora, com o dólar mais fraco e nós pegamos carona. Só que, enquanto as outras moedas se apreciaram entre 0,60% a 0,70% frente à divisa, o real se valorizou quase 3% por conta do quadro político”, avaliou.
 
Para José Francisco Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, melhorou a percepção de que o impeachment vai avançar, no cenário doméstico. “Mas o quadro externo ajudou a derrubar o dólar. Esta semana, tem reunião do FMI (Fundo Monetário Nacional) e o viés é de que a política monetária não pode apertar lá fora. Possivelmente, Christine Lagarde (diretora-gerente do FMI) vai falar de política fiscal, ou seja, é um ambiente de dólar fraco”, destacou.
 
ESFORÇO EM VÃO O Banco Central bem que tentou conter a queda do dólar. O câmbio estendeu perdas depois dos leilões de swap reverso do Banco Central acabarem sem nenhum comprador para os contratos de outubro e com apenas 7,7 mil contratos vendidos para julho de um total de 20 mil ofertados. Um novo leilão não programado foi convocado, às 11h30, o que fez com que a moeda norte-americana reduzisse as perdas, mas o BC só conseguiu colocar 5 mil de 12,3 mil contratos ofertados. Minutos antes do fechamento, finalmente a autoridade monetária emplacou todos os contratos, em um terceiro leilão.
 
Conforme João Luiz Mascolo, sócio da SM Futures, o BC tem usado esta estratégia para segurar a cotação em momentos de forte queda. “Só que o Banco Central faz a proposta, mas não aceita. O mercado testa ele, para ver até quando aguenta”, destacou. Mascolo assinalou que o mercado precificou o impeachment, mas ainda está volátil. “Até o governo espera perder na comissão. A questão é como será no plenário da Câmara e no Senado. Não está claro se há votos suficientes para aprovar o impeachment, por isso o mercado ainda está reticente”, disse.
No entender de Álvaro Bandeira, economista-chefe do Homebroker Modalmais, a bolsa paulista caiu no vermelho no fim do pregão porque vem de três dias seguidos de alta. “Na sexta-feira, subiu 3,67%. Como ainda não tinha nada definido do impeachment até o fechamento, os mercados se ressentiram um pouco. Mas os investidores aproveitaram para alguma realização de lucro, já que alguns papéis tiveram altas expressivas nos últimos dias”, analisou.

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