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Clientes antecipam quitação de dívida

28/11/2007 às 20h30

jornal Valor Econômico 19/11/2007 - Fernando Travaglini              

Mesmo com os prazos cada vez mais longos o medo de inflação e a falta de cultura de financiamentos longos ainda levam muitos mutuários a quitarem antecipadamente dívidas imobiliárias. Apesar de os prazos dos novos contratos terem subido de 15 anos, em 2006, para os atuais 30 anos, o tempo médio de permanência é bem inferior.

No Itaú, por exemplo, o prazo gira em torno de sete anos. No Banco Real, a taxa de amortização das parcelas está na casa dos 40% do montante devido.

O principal motivo apontado pelos executivos dos bancos ainda é um certo receio em tomar dívidas muito longas. "O brasileiro ainda pensa assim, em quitar o mais rápido possível", relata o superintendente do Unibanco, Fábio Leme.

O medo da volta da inflação também contribui para a quitação antecipada do débito. Isso porque a taxa de juros nominal cobrada pelos bancos é pós-fixada, ou seja, reajustada pela TR.

"A memória da inflação e o medo do imprevisto leva a redução do financiamento", diz o diretor-executivo do Real, Felix Cardamone. Boa parte, segundo ele, opta por tirar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para amortizar a dívida.

O diretor do HSBC, Roberto Sampaio, explica que isso varia de acordo com a faixa de renda. Compradores de imóveis de alto padrão não querem prazos muito longos. "No máximo dez anos e ainda preferem quitar antes disso", conta.

Prova disso são as operações feitas pela modalidade de recursos livres (quando o banco não utiliza recursos da poupança). O prazo médio dessas operações oscila próximo de cinco anos, segundo dados do Banco Central.

Existe ainda a possibilidade dos planos prefixados. Mas as taxas de juros cobradas ainda estão muito acima dos planos pós-fixados.

Já a classe média, completa Sampaio, precisa de prazos mais longos. Até por isso, a tendência é que a partir dos novos contratos os prazos médios se tornem maiores. O mesmo comportamento é visto nos contratos da Caixa Econômica Federal, que usam recursos do FGTS, cujo público alvo é formado por pessoas de renda mais baixa.

A tendência, portanto, é que haja um avanço do prazo médio. "Os gerentes hoje são hábeis em mostrar que é melhor investir os recursos do que quitar as dívidas", explica Leme. O mesmo fenômeno acontece no financiamento de veículos, por exemplo, cujo prazo médio subiu de 30 meses em 2000 para 48 meses neste ano.

Essa perspectiva, no entanto, já começa a mudar. Os próprios bancos já elevaram os prazos ofertados. No Bradesco, por exemplo, o diretor-executivo, Ademir Cossiello, diz que com os novos contratos, o prazo médio subiu para 17 anos.

O prazo médio dos contratos existentes com recursos da poupança pulou de oito anos em 2005, para os atuais 13 anos, explica o diretor geral da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Osvaldo Fonseca.

"Hoje quase todos os bancos oferecem prazos de 30 anos, juros entre 8% e 12% ao ano e financiam 80% do imóvel. Com isso, a renda mínima exigida para o financiamento de R$ 80 mil caiu de 12 salários mínimos para 7 salários", explica Fonseca.

"Como a exigência era maior, a capacidade de pagamento também era maior e as pessoas que faziam financiamento podiam poupar um pouco mais. Hoje não tem sentido quitar antes", completa o executivo da Abecip.

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