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Ciclo de consumo dos mais pobres não acabou, diz empresária
27/10/2015 às 11h06
O ciclo de consumo das famílias mais pobres não acabou com o bom momento econômico vivido até 2013 e será importante para o crescimento econômico do país nos próximos anos. A avaliação é da empresária Luiza Trajano, dona da rede de varejo Magazine Luiza. "Este está sendo um ano difícil, mas acredito no Brasil. É muito fácil falar que o consumo acabou para quem tem três, quatro casas. Nos próximos anos precisamos construir 23 milhões de casas para a população, então tem muita gente que ainda precisa consumir", afirmou durante palestra em evento em São Paulo.
A empresária pediu maior protagonismo do setor privado para que o país saia da crise. Na visão dela, a economia não pode ficar presa à crise política.
"Faz um ano que a gente não trabalha. A sociedade precisa trabalhar também, o problema não é só dos políticos. Nunca fui tão convidada para dar palestra quanto neste ano, porque me consideram otimista. Mas não sou otimista, só procuro alternativas para a crise", disse Luiza.
O ex-ministro Delfim Netto, que também participou do debate, afirmou que não enxerga motivos para o impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas teceu duras críticas à gestão econômica do primeiro mandato da petista.
"Aturar esse governo é um processo didático e fundamental. Precisamos compreender o que aconteceu. A presidente se perdeu em um momento em que tinha 92% de aprovação da sociedade brasileira. Isso foi no começo de 2012. Terminamos o ano de 2011 com crescimento de 3,9%, superávit primário de 2,9%, e a relação entre dívida e PIB estava caindo", afirmou Delfim, que ainda pediu: "Dilma, vá ao Congresso Nacional e apresente quatro ou cinco projetos, fixe um limite de idade para a aposentadoria, acabe com as vinculações ao salário mínimo".
Também presente ao evento, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo defendeu o ajuste fiscal promovido pelo governo, mas afirmou que ele é incompatível com os altos juros praticados pelo Banco Central. Ele ainda se mostrou preocupado com os efeitos econômicos da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.
"Ela é importante do ponto de vista da cidadania, mas é preciso dar um destino para as empresas. Não podemos destruir um setor inteiro. Foi publicado um pequeno estudo sobre os efeitos da Lava-Jato pelo próprio Ministério da Fazenda. Eles estimaram que a operação tira dois pontos percentuais do crescimento brasileiro", afirmou o economista.
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