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Cenário não permite trabalhar com hipótese de reduzir juro, diz BC
Avaliação está na ata da última reunião do Copom, que manteve juros. Objetivo é que IPCA fique abaixo de 6,5% neste ano e em 4,5% em 2017.
Fonte: G1 ECONOMIA - 05/05/2016 às 09h05O cenário central não permite trabalhar com a hipótese de "flexibilização das condições monetárias", ou seja, com a possibilidade de redução da taxa básica de juros da economia, avaliou o Banco Central nesta quinta-feira (5) por meio da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) - que manteve, na semana passada, os juros estáveis em 14,25% ao ano.
No documento, a autoridade monetária explica que sua posição tem por objetivo o cumprimento dos objetivos do regime de metas, ou seja, circunscrever a inflação aos limites estabelecidos pelo CMN, em 2016 (com inflação abaixo de 6,5%), e fazer convergir a inflação para a meta de 4,5%, em 2017.
Em meio ao fraco nível de atividade e ao aumento do desemprego, os índices de inflação tem mostrado queda. Com isso, o debate, neste momento, não é mais sobre a possibilidade de aumento de juros, mas sim quando o BC começará a reduzir a taxa básica da economia.
O mercado acredita que o ciclo de redução da taxa básica de juros começará no final de agosto deste ano, mas há analistas que acreditam que os cortes podem ter início já em meados de julho. A previsão é que, em março de 2017, a taxa já esteja em 12% ao ano.
Há um mês, no Congresso Nacional, o presidente do BC, Alexandre Tombini, declarou que o processo de "distensão" (queda) da taxa de juros começará depois que as expectativas de inflação estejam menores. A última previsão do mercado é de um IPCA de 6,94% para este ano, ainda acima do teto de 6,5% do sistema de metas.
O que vai influenciar a decisão
O Copom informou ainda, na ata do Copom, que o desenvolvimento das contas públicas e do chamado "mercado de ativos" (como o patamar da taxa de câmbio - queda do dólar favorece a inflação) neste ano, assim como a dinâmica dos preços administrados (como energia elétrica e gasolina, por exemplo), o aumento do desemprego e a queda do nível de atividade, são "fatores importantes do contexto em que decisões futuras de política monetária [sobre a taxa de juros] serão tomadas".
"O Comitê ressalta que, apesar dos avanços no combate à inflação, há incertezas associadas ao balanço de riscos, principalmente, quanto ao processo de recuperação dos resultados fiscais e sua composição, e que o processo de realinhamento de preços relativos mostrou-se mais demorado e mais intenso que o previsto. Adicionalmente, que remanescem incertezas em relação ao comportamento da economia mundial", acrescentou o BC.
Previsão de inflação em queda para 2016
O Copom informou ainda que, no chamado "cenário de referência", que considera juros estáveis em 14,25% ao ano e câmbio inalterado em R$ 3,55 por dólar, houve redução da projeção para a inflação em relação ao valor considerado na reunião anterior, tanto para 2016 quanto para 2017.
"A projeção para 2016 se situa acima da meta de 4,5%, enquanto a projeção para 2017 encontra-se ao redor da meta de 4,5%, ambas fixadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN)", informou a instituição.
Já no "cenário de mercado", que leva em conta as trajetórias de câmbio e de juros esperada pelos economistas dos bancos, a projeção de inflação para 2016 reduziu-se em relação ao valor considerado na reunião de março.
"A projeção para 2017, por sua vez, elevou-se em relação à projeção da reunião anterior. Tanto para 2016 quanto para 2017, as projeções encontram-se acima da meta de 4,5%", informou o BC.
Diretoria pode ser trocada
A reunião do Copom da semana passada, quando os juros ficaram estáveis, pode ser a última da atual diretoria do BC, que pode ser trocada com a eventual queda da presidente Dilma Rousseff e ascensão de Michel Temer à Presidência da República, na esteira do processo de impeachment.
Uma eventual troca no BC teria de ser precedida de sabatinas da nova diretoria no Congresso Nacional e da subsequente aprovação dos novos nomes pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal e depois pelo plenário daquela Casa. Por isso, a troca não seria imediata.