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Cenário econômico pode antecipar ciclo de queda de juros, diz BC

Ata de reunião lembra atividade econômica abaixo do esperado

Fonte: O GLOBO - 17/01/2017 às 09h01

BRASÍLIA - O Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizou, na ata de sua última reunião, divulgada nesta terça-feira, que o atual cenário econômico é favorável a uma “antecipação do ciclo de distensão da política monetária”. No documento, os diretores do Banco Central apontam que a recente queda da inflação e a atividade econômica abaixo do esperado podem favorecer um ciclo mais rápido de queda de juros sem que isso atrapalhe o objetivo de levar a inflação para o centro da meta até 2018.

 

No último encontro do Copom, na semana passada, o comitê optou por reduzir a taxa básica de juros da economia (Selic) em 0,75 pontos percentuais, para 13%. O tamanho do corte surpreendeu boa parte do mercado, que esperava uma redução de 0,5 p.p. Na ata, os diretores do BC avisam que possíveis revisões no ritmo de flexibilização vão depender das expectativas de inflação e da evolução de uma série de fatores de risco. O comitê chegou a avaliar uma redução menor da Selic na última reunião, para 13,25%, mas concluiu que as condições eram favoráveis a uma queda maior.

 

“(...) o Comitê entende que o atual cenário, com um processo de desinflação mais disseminado e atividade econômica aquém do esperado, já torna apropriada a antecipação do ciclo de distensão da política monetária, permitindo o estabelecimento do novo ritmo de flexibilização. A extensão do ciclo e possíveis revisões no ritmo de flexibilização continuarão dependendo das projeções e expectativas de inflação e da evolução dos fatores de risco mencionados acima", diz o texto.

 

RETOMADA DA ECONOMIA

O comitê destaca, na ata, que o corte nos juros vai favorecer uma retomada da economia, “sem que isso exigisse desvio em relação ao objetivo de levar a inflação para a meta de 4,5% em 2017 e 2018”. Eles destacaram a importância da aprovação de um teto para os gastos públicos como forma de controlar as contas públicas e ajudar o país a retomar o controle fiscal.

 

Ponderaram, contudo, que outras reformas e investimentos em infraestrutura são necessários com o objetivo de aumentar a produtividade, ganhar eficiência, aumentar a flexibilidade da economia e melhorar o ambiente de negócios. “Esses esforços são fundamentais para a estabilização e a retomada da atividade econômica e da trajetória de desenvolvimento da economia brasileira”, disse o BC.

 

Com a redução, as projeções para os juros neste ano também foram reduzidas. Antes do corte de quarta-feira, contava com Selic (referência para juros no país) em 10,25% em dezembro, conforme o Boletim Focus, boletim do BC que reúne as principais estimativas do mercado. Agora, a expectativa é por juro de um dígito (9,75%). Para o ano que vem, a expectativa é de Selic em 9,5%, projeção que também está em queda: era de 9,63% na semana passada e 9,88% há um mês.

 

A agressividade da redução — as duas quedas anteriores foram de 0,25 ponto percentual, e a maioria dos analistas estimava corte de 0,5 ponto — foi possível devido à desaceleração da inflação (tanto em 2016 quanto nas projeções para 2017 e 2018) e pela prolongada recessão econômica, que inibe aumentos de preços. A decisão ocorreu no dia em que o IBGE divulgou a inflação do ano fechado de 2016, de 6,29%, abaixo do teto da meta. O descontrole da inflação em 2015 foi o que segurou os juros em 14,25% durante um ano e três meses. O BC só começou a baixar a Selic em outubro do ano passado, quando a taxa foi reduzida a 14%. Na reunião do dia 1º de dezembro, novo corte: dessa vez para 13,75%.

 

A taxa de juros prevista para o fim deste ano é ainda menor (9,5%) quando consideradas apenas as previsões das cinco instituições que mais acertam, grupo chamado de Top-5. Antes, essas instituições viam a Selic em 10% no fim do ano. Para 2018, estimativa também foi reduzida de 10,25% para 9,50%.

 

Em queda contínua, a estimativa de inflação para este ano também foi reduzida: agora é de 4,8%, abaixo dos 4,81% estimados na semana passada. Para 2018, a expectativa é de inflação, medida pelo IPCA, em 4,5%, no centro da meta.

 

Para o crescimento do país, as expectativas continuam em expansão de 0,5% neste ano. Para 2017, encolhem: caíram de 2,3%, na semana passda, para 2,2%, nesta semana. Na última sexta-feira, foi divulgado que a economia brasileira cresceu 0,2% em novembro contra o mês anterior, quebrando uma sequência de três meses de queda, conforme o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que funciona como uma espécie de prévia do PIB. Economistas avaliam que o resultado se deveu à expansão de 2% no varejo no mês, fortemente apoiada nas vendas da Black Friday. Após uma recessão que dura dois anos, já há economistas que preveem um ano de 2017 sem crescimento, com estagnação.
 
 

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