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Brasil está agora menos vulnerável a choques externos, diz Ilan

20/04/2017 às 11h04

O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, afirmou nesta quarta-feira, 19, que o Brasil está agora menos vulnerável a choques externos. “O cenário externo incerto coincide com um período de estabilização econômica e melhoria dos fundamentos da economia brasileira”, disse Goldfajn, em palestra feita por videoconferência, a partir de São Paulo, para evento do MIT Sloan School of Management, dos Estados Unidos.

 

Ele lembrou que desde 2011 o Brasil sofreu retrocesso comparável a um choque de oferta, “que produziu a recessão mais grave de sua história com alta inflação”. Destacou, no entanto, que hoje o balanço de pagamentos se encontra em situação mais confortável, citando que em fevereiro o déficit em conta corrente atingiu 1,2% do PIB em 12 meses, enquanto o investimento direto ficou em 4,6% em relação ao PIB, quatro vezes o nível do déficit.

 

O presidente do BC também ressaltou que o estoque de reservas internacionais supera US$ 375 bilhões, ou cerca de 20% do PIB, “o que funciona como um seguro em períodos de turbulência”. Além disso, pontuou que o estoque de swaps cambiais caiu US$ 108 bilhões para um nível atual de US$ 18 bilhões, “alcançando uma posição mais confortável”, e que o risco medido pelo CDS recuou de 500 pontos, no início de 2016, para cerca de 220 pontos.

Goldfajn declarou ainda que a queda observada no risco Brasil, medido pelo CDS, é resultado da agenda de reformas na qual o País embarcou, citando a PEC do teto dos gastos e as reformas trabalhista, da Previdência, do ensino médio, em andamento.

 

Para Goldfajn, os esforços do BC e do governo têm sido efetivos para contar a inflação e ancorar as expectativas, citando que o IPCA acumulado em 12 meses recuou de 10,7% em dezembro de 2015 para 4,6% em março de 2017.

 

Copom

Goldfajn afirmou que o Comitê de Política Monetária (Copom) considera apropriado o atual ritmo de flexibilização monetária. A última reunião do Copom cortou a Selic em 1 ponto porcentual, para 11,25% ao ano.

 

Apesar disso, Goldfajn declarou que o ritmo da flexibilização monetária dependerá da extensão do ciclo e do grau de antecipação. “Por sua vez, este último depende da evolução da atividade econômica e de outros fatores de riscos”, disse. “O atual contexto econômico exige o acompanhamento da evolução de determinantes do grau de antecipação do ciclo”, acrescentou.

 

Para o presidente do BC, a atividade econômica mostrou sinais compatíveis com a estabilização da economia a curto prazo. “Os dados disponíveis sugerem uma recuperação gradual durante o ano de 2017. Esperamos um crescimento de cerca de 2,5% no último trimestre do ano em relação ao mesmo trimestre do ano passado”, declarou.

 

Goldfajn, que mencionou as quedas nas taxas de juros nominais e reais, disse que a trajetória descendente da taxa básica de juros ocorre em função da desaceleração da inflação. “As expectativas de inflação permanecem ancoradas em 4,5%, que é o centro da meta, ou ligeiramente abaixo”, disse, lembrando que as projeções do BC para a inflação são de 4,1% e 4,5% para 2018 e 2019, respectivamente. “Este cenário assume uma trajetória para a taxa de juros que termina em 2017 a 8,5% e permanece nesse nível até o final de 2018”, disse.

 

O presidente do BC destacou ainda o fato de a taxa de juros real ex-ante ter recuado nos últimos anos. “A taxa real ex-ante, medida pelos juros prefixados (do mercado de DI) menos a expectativa de inflação também para 12 meses, depois de atingir aproximadamente 9% em setembro de 2015, caiu ao nível atual de 4,6%”, disse Goldfajn.

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