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BC prevê estabilidade do crédito
24/09/2015 às 12h06Depois de desacelerar fortemente nos últimos anos, o ritmo de expansão do mercado de crédito bancário dá alguns sinais de estabilização e, pela primeira vez em 2015, deixa de surpreender negativamente o Banco Central. A autoridade monetária manteve em 9% a sua projeção para a expansão do volume de crédito na economia em 2015. Nos três trimestres anteriores, a previsão oficial do BC tinha sido revista para baixo, devido à evolução decepcionante do mercado. É um percentual modesto em termos reais, o crescimento está perto de zero, já que a inflação acumulada em 12 meses até agosto ficou em 9,53%. Mas não deixa de ser um sinal de alento o mercado não avançar ainda mais no território negativo. A taxa de expansão anual do mercado de crédito tem se mantido estável nesse percentual nos últimos três meses. Em agosto, o avanço das carteiras das instituições financeiras foi de 9,6%. "O mercado de crédito desacelerou devido à alta da taxa básica de juros e à própria evolução da atividade econômica", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel. O mercado de crédito vem desacelerando desde 2008, quando chegou a se expandir 31%. Em 2010, o crescimento foi de 21%, em 2012 foi de 16% e, no ano passado, caiu para 11%. O BC acreditava que em 2015 fosse possível manter a expansão de 11%, mas foi surpreendido com quedas adicionais no ritmo de expansão das carteiras. Uma questão em aberto é se os vetores que levaram à desaceleração do crédito vão se esgotar. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC interrompeu o ciclo de alta da taxa básica em julho, mas ainda assim há sinais de apertos nas condições monetárias, que teoricamente podem afetar a evolução do crédito. O swap cambial de 360 dias subiu cerca de dois pontos desde fins de julho. "Os juros futuros têm influência sobre as taxas cobradas pelas instituições financeiras", reconheceu Maciel, quando perguntado como a recente alta dos juros futuros afeta o crédito. Outro vetor da desaceleração do crédito a recessão econômica também tem evoluído de forma mais desfavorável do que a antecipada. O Banco Central tem pontuado que a desaceleração do mercado de crédito tem ocorrido de forma equilibrada, com índices de inadimplência praticamente estáveis e bancos saudáveis, o que permitiria a retomada do crescimento mais adiante. O índice de inadimplência subiu de 3% para 3,1% entre julho e agosto, e não é muito diferente do percentual registrado no mesmo mês do ano passado (3%). "Olhando em perspectiva, há espaço para mais crescimento do crédito", disse Maciel. Ele lembra que o crédito dobrou em proporção do Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos anos, para 54,6% em agosto, mas segue baixo pelos padrões internacionais, onde supera 100% do PIB. Em agosto, o avanço da carteira foi de 0,7% na margem, para R$ 3,132 trilhões. O crédito com recursos livres subiu 0,3%, somando R$ 1,6 trilhão, e cresce 5,2% em 12 meses. Com recursos direcionados a alta foi de 1,1%, para R$ 1,532 trilhão. A alta em 12 meses é de 14,7%, desacelerando dos 15,3% vistos em julho e dos 20% em 2014. O avanço do crédito direcionado é bastante influenciado pela carteira do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em agosto, o estoque de crédito no banco de fomento teve alta de 0,9%, para R$ 620,812 bilhões. Mas, segundo Maciel, se descontar o impacto da alta do dólar no mês, que infla algumas carteiras da instituição, o saldo teria encolhido 0,1% no mês. "O crescimento foi exclusivamente em função da influência do câmbio na sua carteira", disse Maciel. O BNDES também mostra um crescimento mais modesto neste ano em função das concessões, que apontam queda de 26% no ano. "O ciclo de atividade também implica em demanda menor por investimentos", disse. No lado do crédito com recursos livres para as famílias, o segmento que vem impedindo melhores resultados é o do crédito para compra de automóveis. Maciel fez um breve exercício que mostra que, expurgando esse item, o crédito para as pessoas físicas estaria crescendo 6,7% em 12 meses até agosto, ante os 4,7% efetivamente registrados. No mês passado, o crédito para veículos caiu 1,3%, somando R$ 169,695 bilhões. Em 12 meses, a carteira encolhe 8,6%. O custo do dinheiro continua subindo, com o juro médio batendo novo recorde a 29% ao ano, alta de 0,6 ponto no mês e de 5 pontos percentuais em 12 meses.
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