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BC diz que bancos resistem a piora da crise e Lava-Jato

02/10/2015 às 10h25

Testes de estresse conduzidos pelo Banco Central concluíram que os bancos são fortes o suficiente para absorver um eventual agravamento da crise econômica ou uma hipotética onda de calotes de empresas investigadas no escândalo da Operação Lava-Jato. Mas houve um aperto nas condições de liquidez do sistema, ainda que os indicadores estejam em níveis considerados seguros.

O Relatório de Estabilidade Financeira (REF), um documento semestral do BC com avaliações sobre a solidez do sistema bancário, conclui que mesmo num cenário econômico considerado de "quebra estrutural" os bancos permaneceriam com índices de capitalização acima dos mínimos exigidos pela regulamentação.

Uma novidade foi um teste que mede o provável estrago nos bancos de uma onda de inadimplência das empresas envolvidas na Lava-Jato. A conclusão é que, se apenas as empresas mais vulneráveis ao escândalo quebrassem, os bancos teriam que levantar R$ 130 milhões para recompor o capital um valor pequeno, considerando que o capital total do sistema soma R$ 665 bilhões, pelo conceito de patrimônio de referência (PR). Se a quebradeira for geral, a necessidade subiria a R$ 3,4 bilhões.

"Diria que o sistema financeiro tem colchões de proteção para sobreviver e enfrentar esse cenário macroeconômico adverso e esses eventos não econômicos que estão no nosso cenário atual", disse o diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, ao divulgar o relatório.

A simulação do BC leva em conta impactos da hipotética quebra das empresas envolvidas na Lava-Jato em fornecedores, prestadores de serviço e funcionários. E como esse conjunto de eventos afetaria bancos que são credores dessas empresas e famílias. O trabalho do BC, porém, exclui a hipótese da quebra da Petrobras, que está no centro do escândalo. "A Petrobras é uma empresa com dimensão sistêmica", justificou Meirelles.

Meirelles também apontou que a autoridade monetária está "olhando com muita atenção" o aumento do endividamento das empresas em moeda estrangeira. No primeiro semestre de 2015 esse endividamento aumentou, mas não em função de volume, mas sim por causa da valorização do dólar.

O estudo apresentado pelo BC aponta que dessas dívidas, que somam 20,4% do PIB, apenas o equivalente a 3,3% do PIB não foi possível detectar algum tipo de hedge, seja ela natural (exportadoras), financeiro ou empresas com matriz no exterior.

Uma seção do relatório mostra que as condições de liquidez dos bancos tornaram-se um pouco menos favoráveis. O indicador de liquidez, que mede a relação entre o caixa dos bancos e os compromissos mais imediatos, caiu de 2,01 para 1,73 entre dezembro de 2014 e junho de 2015 mas elas mobilizavam apenas 0,9% dos ativos do sistema bancário. Em junho de 2015, oito instituições estavam nessa faixa, mas elas representam 32,5% dos ativos do sistema bancário.

"Houve redução nos índices de liquidez, mas continua em patamares bastante confortáveis", disse Meirelles. "Esse é um teste, não é uma situação em que têm ou terão problema de liquidez."

Um conjunto de testes de estresse do Banco Central examinou como os bancos seriam afetados por um eventual aumento de inadimplência provocado por quatro cenários econômicos desfavoráveis, como uma queda de 4,6% na atividade econômica, alta dos juros básicos a 26,4% ao ano, inflação de 19,8% e desemprego de 10,8%. Nenhum dos bancos ficaria, de imediato, desenquadrado das suas exigências de capital. Mas seis trimestres depois, se a situação persistir, haveria uma necessidade de capital de 0,11% do PR atual, algo como R$ 730 milhões. Já a simulação com altas incrementais da inadimplência mostra que apenas com um índice a partir de 6,6% haveria um banco desenquadrado das exigências de capital.


 





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