Medidas do Banco Central estão esfriando as projeções dos banqueiros
ROBERTO SETTON/EXAME
Oferta de crédito pessoal, em uma rua de São Paulo: crescimento menor em 2011
São Paulo* - Uma pesquisa feita pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mostra que as ações do Banco Central para esfriar a economia estão surtindo efeito nas projeções para o crescimento da oferta de crédito em 2011 (ver tabela abaixo).
Além das medidas macroprudenciais anunciadas no último trimestre do ano passado, a autoridade monetária já aplicou três doses de alta de juros neste ano.
Em novembro, antes das restrições, os banqueiros apostavam em um avanço de 18,5% nas operações de crédito da carteira total, que inclui todas as modalidades. Em dezembro, o índice recuou para 17,8%, subindo para 18% em fevereiro e diminuindo para 17,4% em março. Agora, no levantamento de maio, a previsão caiu para 16,7%.
A pesqu isa mostra que 58% dos bancos acham que as medidas de política monetária moderaram o ritmo de crescimento do crédito, mas ele permanece acima do pretendido pelo Banco Central.
"As medidas do Banco Central estão surtindo efeito. Há um quadro de crescimento menor do crédito, mas ainda positivo", diz o economista-chefe da Febraban, Rubens Sardenberg. "Creio que a gente chegou perto do piso. A minha expectativa é de que as próximas pesquisas repitam esse patamar, se não houver mudanças significativas no cenário externo e doméstico."
Rubens Sardenberg: não há temor de alta da inadimplência em 2011
O levantamento da entidade mostra que as menores expansões acontecerão nas modalidades de crédito voltadas para as pessoas físicas (15,8%) e para a aquisição de veículos (15,4%). Por outro lado, a estimativa para o crédito direcionado, que inclui o BNDES, tem o maior número: 18,3%.
O ponto positivo é a expectativa estável em torno da inadimplência (4,5%) nas últim as três pesquisas. "Houve aumento nos atrasos de 15 a 90 dias em março, mas com forte influência sazonal", salienta Sardenberg, que considera que o cenário ainda positivo da economia brasileira diminui as chances de crescimento da inadimplência, apesar de a alta da inflação corroer parte da renda dos trabalhadores.
Veja a evolução das previsões dos bancos para 2011 nas cinco últimas pesquisas: Fonte: Febraban Previsão do crédito em 2011 Pesquisa de novembro Pesquisa de dezembro Pesquisa de fevereiro Pesquisa de março Pesquisa de maio (atual) Carteira Total 18,5% 17,8% 18,0% 17,4% 16,7% Direcionado 19,9% 18,7% 19,1% 18,9% 18,3% Livres 18,1% 17,1% 17,3% 16,6% 15,8% Pessoas Físicas (total) 17,6% 16,7% 17,0% 16,5% 15,8% Crédito Pessoal (inclui consignado) 19,4% 19,6% 18,3% 18,3% 17,3% Aquisição de veículos (inclui leasing) 17,5% 16,9% 17,0% 16,2% 15,4% Pessoas Jurídicas (total) 18,8% 17,6% 17,9% 16,6% 15,8% Inadimplência (acima de 90 dias) 4,6% 4,6% 4 ,5% 4,5% 4,5%
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