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Bancos prevêem crédito farto e economia estável em 2008

23/10/2007 às 18h38

23/10/07 – DCI - Luciana Bruno

Itaú, ABN Amro Real e Bradesco vêem com otimismo o cenário econômico brasileiro e o desempenho do crédito no ano que vem, mas antecipam um menor crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do País e uma eventual desaceleração da economia norte-americana. Os bancos, porém, criticam o governo no que se refere a investimentos em infra-estrutura e dizem temer possíveis gargalos nas áreas de transporte e energia.

Para consultor de análise econômica do Itaú,
Joel Bogdanski
, o crédito deverá crescer 19% em 2008, em linha com as previsões da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). "Os empréstimos devem passar dos atuais 33% para 40% do Produto Interno Bruto (PIB)", diz. Caso o Itaú siga o mesmo ritmo, sua carteira deve somar R$ 133,6 bilhões, dada a projeção de fechar 2007 em R$ 112,32 bilhões. "O foco continuará sendo a pessoa física e as pequenas e médias empresas."

A economista-chefe do ABN Amro Real
, Zeina Latif, acredita que o crédito continuará crescendo, mas não tão fortemente. "Se houvesse alta da inadimplência, ou se o mercado de trabalho piorasse, haveria contenção da oferta e demanda. Mas esse não é o cenário provável. A alta vai ser puxada principalmente pelo crédito imobiliário", analisa.

Octavio de Barros,
diretor de pesquisas do Bradesco, os empréstimos continuarão em expansão até 2010. "Depois disso, vai depender da continuidade de queda dos juros", diz. O economista defende que a interrupção da queda da Selic - que deve, para ele, permanecer estável até abril de 2008 - ocorre justamente para preservar esse cenário. "Não interromper agora pode comprometer mais adiante". Para o Banco Real, a Selic ficará estável durante o ano de 2008 inteiro.

Já para o Itaú, a previsão é de uma inflação mais "benigna" no ano que vem. O banco estima ao final de 2007 inflação pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 3,87% e, em 2008, em 3,70%. "O grande choque deste ano foi o problema agrícola. Os preços dos alimentos subiram no mundo inteiro", afirma Bogdanski. Já para o Real, a previsão é de IPCA em 4%. "Não imaginamos que os alimentos possam trazer alívio", diz Latif.

Devido à mesma pressão inflacionária, o Bradesco revisou a previsão do IPCA para 2008 de 4,11% para 4,30%, segundo o presidente da instituição, Márcio Cypriano. "O impacto da alta dos alimentos será percebido em maior escala somente em 2008", disse durante apresentação na Associação dos
Analistas de Mercados de Capitais (Apimec).

Quanto ao dólar, o economista do Itaú prevê cotação em R$ 1,77 no final de 2008. "O saldo comercial, no entanto, será menor no ano que vem, em torno de US$ 36 bilhões, só que esse número já é suficiente para manter apreciação da taxa de câmbio", avalia. Para
Bogdanski, as turbulências nos mercados vão continuar, e há possibilidade de desaceleração da economia norte-americana. "Os EUA devem crescer de 1,5% a 2% no ano que vem. Não é desastre, mas não é brilhante".

O Real espera estabilidade e o Bradesco, vê dólar a R$ 1,85.

Os bancos também antevêem menor crescimento da economia. A expectativa do Itaú é que o PIB cresça pouco acima de 4% em 2008, abaixo dos 4,7% previstos para este ano. "A economia cresceu aquém de sua potencialidade. Podia ter aproveitado o momento", diz
Bogdanski.
A economista do Real também projeta alta de 4% do PIB em 2008.

Santander

As perspectivas para 2008 também são positivas para o Santander após a aquisição das operações do Real no Brasil. "Temos dois grandes bancos no País, com histórias de sucesso e um potencial de crescimento espetacular. Nosso objetivo é nos tornar o maior e melhor grupo financeiro do País", afirmou
Emílio Botín, presidente mundial do banco, durante visita ao Brasil no último fim de semana.

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