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Bancos podem ter lucro de R$ 14,5 bi no terceiro trimestre

28/10/2015 às 11h49


Os resultados dos grandes bancos brasileiros no terceiro trimestre vão mostrar que os lucros recordes das instituições financeiras em meio à crise econômica do país estão com os dias contados. Juntos, os quatro grandes bancos listados em bolsa podem registrar R$ 14,5 bilhões de lucro líquido recorrente, com um avanço de 5,4% ante o mesmo período de 2014, mas com uma queda de 5,6% na comparação com o segundo trimestre deste ano.


O desempenho, se confirmado, evidenciará a redução no ritmo de crescimento do lucro do quarteto. No segundo trimestre, o resultado ajustado dos quatro avançou 17% ante igual período do ano passado. A previsão dos analistas é que o quadro piore sucessivamente até meados de 2018 com a possibilidade de queda nos lucros, na comparação anual, já em 2016.


A safra de resultados do setor começa na quinta-feira, com a divulgação dos números de Bradesco e Santander. No centro das expectativas de analistas estará a evolução da inadimplência, peça chave para descortinar o que vem pela frente para os bancos. O desempenho das margens, das operações de tesouraria e o anêmico crescimento do crédito também vão estar entre os destaques do período.


O Goldman Sachs fez um exercício em que mede os efeitos que ciclos anteriores de retração econômica tiveram sobre a inadimplência para ter uma ideia do que virá pela frente. "Baseado no ciclo que começou em março de 2015, o pico do índice de inadimplência e a margem líquida mais fraca depois de provisões deverão ocorrer no quarto trimestre de 2016", estima o banco em relatório. Na visão dos analistas, a recuperação das margens das instituições virá apenas no começo de 2018.


De acordo com analistas do UBS, a inadimplência dos bancos deve ficar "relativamente sob controle" até o fim do ano, com um aumento de 10 a 20 pontos base.


"A principal área de preocupação na qualidade dos ativos são as pequenas e médias empresas e o consignado, dada a elevação no nível de desemprego", escrevem.


De acordo com o analista de um grande banco estrangeiro, a expectativa no terceiro trimestre é de que a piora da inadimplência que, até aqui, esteve concentrada nas empresas espalhe-se também para pessoa física.


O gerente geral de relações com investidores do Banco do Brasil, Bernardo Rothe, admitiu haver uma "pressão de inadimplência" no segmento de financiamento às empresas, mas afirmou que o nível de atrasos está sob controle. Os mais afetados são os empréstimos à companhias menores, disse durante encontro organizado pela Apimec, no Rio. Na avaliação de Rothe, a inadimplência pode crescer ao longo do ano para a pessoa jurídica, porém, não deve preocupar.


A deterioração do crédito e os baixos níveis de confiança nas empresas e nas famílias têm levado a uma desaceleração cada vez mais acentuada no ritmo de crescimento dos empréstimos. No terceiro trimestre, as instituições ainda devem mostrar expansão em suas carteiras, em parte pela desvalorização do real, que traz um efeito positivo sobre operações em moeda estrangeira. "Se deixássemos de considerar a carteira em dólar, já veríamos resultados no campo negativo", diz um analista.


Nas contas da corretora do Santander, excluindo o câmbio, a expectativa é de que, na comparação trimestral, a carteira de crédito dos bancos cresça, no máximo 1,5% em termos nominais.


Apesar do crédito anêmico, a expectativa é que os bancos tenham mais um trimestre de melhora nas margens. O Itaú BBA chama atenção para a expectativa de que o BB tenha um desempenho melhor nesse quesito do que apresentou no segundo trimestre, dado que sua carteira de crédito tem uma duração maior que a dos demais bancos e o movimento de encarecimento das taxas de juros ocorre mais lentamente do que em seus principais concorrentes. A questão, porém, é até quando os bancos vão conseguir elevar as margens, dado o aumento do risco, do custo de capital e de sua carga tributária.


Os impostos devem ser outro tema importante. "Os bancos brasileiros deverão se beneficiar do reconhecimento do crédito tributário relacionado ao aumento da CSLL, mas achamos que isso pode ser ofuscado por provisões adicionais, dado o difícil cenário macro", dizem os analistas do Deustche Bank, em relatório.


Na linha de despesas, analistas devem voltar a carga nas questões sobre despesas de pessoal. Na segunda-feira, os bancos concordaram em um reajuste salarial de seus funcionários de 10% neste ano. Ficou mais complicado, portanto, o compromisso que os bancos vinham assumindo com investidores de crescerem suas despesas abaixo da inflação no período. (Colaborou Robson Sales, do Rio)



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