A compra do Banco Cacique pelo francês Société Générale, anunciada na semana passada, pode ser a primeira de uma série de negócios envolvendo bancos de investimento estrangeiros rumo ao mercado de crédito ao consumo no Brasil. Além da Cetelem, divisão de varejo do também francês BNP Paribas - que já confirmou a este jornal que está em busca de um banco para comprar -, outros como o norte-americano JPMorgan em breve devem tomar este mesmo caminho.
A opinião é do professor Celso Grisi, sócio da consultoria Fractal, especializada em estudos sobre o mercado financeiro. Com clientes de perfis tão diferentes como Bradesco, Calyon, Fininvest e Safra, Grisi acredita que os bancos de investimento já ganharam gordas comissões sem correr risco algum nos últimos dois anos assessorando empresas em negócios no mercado de capitais, bem como em fusões e aquisições. "Agora, eles podem aplicar esses lucros em uma atividade de risco, que pagam altos spreads, como o crédito a pessoas físicas de baixa renda, que está em franca expansão no Brasil", diz Grisi.
Negócio redesenhado
Para o especialista, o negócio de banco de investimento foi totalmente redesenhado no Brasil. "Até algum tempo atrás os estrangeiros eram simples extensões das corretoras de valores". No ano passado, porém, ganharam um bom pedaço dos US$ 72 bilhões em negócios de fusões e aquisições envolvendo empresas brasileiras, e dos R$ 125 bilhões em negócios de lançamentos de ações e títulos de renda fixa no mercado local.
Além disso, a entrada de grandes bancos de investimento estrangeiro no segmento de consumo também seria uma maneira de eles responderem à concorrência que vem sendo imposta por grandes bancos de varejo, como o Bradesco (que no ano passado criou seu banco de investimentos), numa seara antes apenas ocupadas por eles. |