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Banco Postal quer oferecer planos de previdência, seguros e microcrédito

29/08/2007 às 19h17

Daniel Rittner e Cristiano Romero (29/08/2007)

O Banco Postal deverá, após a revisão do acordo com o Bradesco e o fechamento de uma nova parceria, oferecer planos de previdência, microcrédito e seguros pessoais voltados à população de baixa renda. A informação é do presidente da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), Carlos Henrique Almeida Custódio, que detalhou o modelo de negócios a ser implantado no Banco Postal.

Para o presidente da ECT, há números de sobra que dão consistência à tentativa de arrecadar pelo menos R$ 2 bilhões em uma nova licitação. Nos últimos cinco anos, o Banco Postal foi responsável pela abertura de 6,2 milhões de contas correntes - cerca de 20% do total de novas contas no período. São 4,5 mil contas abertas todos os dias e, no ano passado, houve 240 milhões de transações realizadas. "Vamos, sem dúvida, estar associados a algum banco", garante Carlos Custódio. "Pode até ser o Bradesco", diz o ministro das Comunicações, Hélio Costa, "desde que nos entenda como parceiros, não como correspondentes bancários".

Em uma eventual nova licitação, o Bradesco poderá participar normalmente. Outras instituições financeiras já foram discretamente sondadas para a ECT saber o grau de interesse - entre elas, as estatais Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, o Unibanco, o Itaú e o Real. A idéia é que, no futuro, cada uma das 5,6 mil agências próprias dos Correios e 1,5 mil agências franqueadas tenham também nas suas instalações um Banco Postal.

Dos R$ 2 bilhões que se espera arrecadar, no mínimo, 10% iriam para um "funding" de microcrédito. Uma das prioridades seria financiar a criação e o crescimento de pequenos negócios. O Banco Postal entraria no ramo de crédito consignado. Como instituição financeira, poderia ter carteira de investimentos e aplicações.

Para os funcionários da ECT responsáveis pelas transações do Banco Postal, também haverá vantagens, alega Custódio. Desde 2001, quando foi assinado o contrato com o Bradesco, os Correios treinaram 24 mil funcionários para capacitá-los em atividades bancárias. Eles são remunerados como servidores da ECT e querem migrar para a categoria de bancários, o que poderia garantir melhores rendimentos e participação maior nos lucros e resultados da empresa. Isso poderá acontecer no novo modelo.

Hoje, a ECT arca não só com os salários pagos aos atendentes do Banco Postal, que dividem seu tempo com as atividades postais, como também com o passivo trabalhista. Segundo Custódio, os Correios investiram mais de R$ 100 milhões em reformas e adaptações das agências, além de compra de equipamentos de informática. Ele acrescenta que o Bradesco repassa apenas cerca de R$ 15 milhões por mês aos Correios pela receita gerada com o Banco Postal. A receita da ECT alcançou R$ 8,6 bilhões em 2006.

Hélio Costa rechaça as interpretações de que é favorável a um rompimento de contratos e sua iniciativa não será bem vista pelo mercado. Segundo ele, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, "entendeu perfeitamente a nossa angústia" e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já concordou com a revisão da parceria.

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