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Baixa renda concentra tomada de crédito no país

05/11/2015 às 10h12

As pessoas físicas que tomam crédito no Brasil estão concentradas entre aquelas de menor renda, com remuneração de até três salários mínimos, apresentam forte comprometimento do salário e benefícios junto ao sistema financeiro e mostram elevada taxa de inadimplência.


Segundo o Relatório de Inclusão Financeira (RIF) 2015 divulgado ontem pelo Banco Central (BC), a faixa da população com rendimento de até três salários mínimos representava cerca de 60% do total de tomadores de crédito a pessoas físicas no fim de 2014, ou 34,4 milhões de pessoas, o que equivale a 20% da população adulta.


Embora o valor médio dos créditos tomados seja menor nessa faixa de renda, de R$ 11.297, sua participação no saldo total é alta, representando 28% do estoque de crédito às pessoas físicas. O ticket médio de empréstimo é de R$ 25.208, num universo de 56,018 milhões de clientes.


A faixa até três salários mínimos é também a mais atingida pela inadimplência, com uma média de 6,7%, ante um total de 3,7%, e de 2,4% no segmento com renda superior a dez salários.


Dentro das modalidades acompanhadas pelo BC, a inadimplência na menor faixa de renda chega a 47,2% no rotativo do cartão de crédito (37,2% média geral), 16% no crédito sem consignação (7,5% na média), 6,2% no financiamento de veículos (3,9% na média), 3,2% no consignado (2,4% na média) e 2% no imobiliário (1,7% da média).


"As condições de acesso ao crédito impostas pelo mercado são mais duras para quem tem rendimento menor, rendimento mais volátil, não tem estabilidade no emprego, não tem patrimônio, não possui histórico de crédito ou possui histórico de crédito negativo. Tais circunstâncias elevam o risco do tomador, restringindo o acesso ao crédito, ou deixando-o mais caro, mais oneroso", diz o BC.


Essa faixa de tomadores também é mais endividada, com um comprometimento de renda de até 73%. Como nas outras faixas, o crédito imobiliário responde pela maior fatia da dívida, 23%. Mas o uso do cartão de crédito chama a atenção, consumindo até 10% da renda, sendo 7% no pagamento à vista, 1% no parcelado e 2% no rotativo.


Segundo o relatório, o aumento real de renda na última década, sobretudo nas faixas mais baixas, veio acompanhado de maior uso do cartão de crédito.


No entanto, muitos consumidores não encontram equilíbrio no uso do cartão, que ora é um mero instrumento de pagamento, ora de dívida, levando a situações mais custosas de endividamento e à inadimplência.


No pagamento de parcelas de dívida, a modalidade que mais pesa em todas as faixas de renda é o cartão à vista, com 29%. Mas esse é um fator positivo, pois o pagamento da fatura completa não gera incidência de juros. Ainda assim, o rotativo, segmento em que os juros passam de 400% ao ano, ainda tem uma média de 14% da renda para pagamento do serviço da dívida, percentual que sobe a 18% considerando apenas a faixa até três salários mínimos.


"A representatividade do segmento de baixa renda pede atenção especial sobre os indicadores de comprometimento de renda e de inadimplência, não só pela preocupação com a estabilidade do sistema financeiro, mas também pela preocupação com a saúde financeira do cidadão", diz o BC.


O segmento de até três salários mínimos apresentava, em 2014, o maior percentual de comprometimento de renda, 24,1%. Além disso, 38,2% dos tomadores de crédito dessa faixa apresentavam comprometimento de renda acima de 50%, equivalente a 13,2 milhões de clientes.


Dentro do segmento com renda superior a dez salários mínimos, chama atenção o peso do crédito rural, respondendo por 28% do saldo concedido, em comparação a 4% e 7% nas demais faixas de renda. O BC nota que cerca de 77% do saldo de 2014 de todo o crédito rural concedido às pessoas físicas estavam nas mãos dessa segmentação.


De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2013, a parcela da população adulta rural com renda acima de dez salários mínimos equivalia a apenas 3% do total de adultos com essa faixa de renda, equivalente a 100 mil habitantes adultos no universo de 3 milhões de pessoas. Do lado da população adulta, com renda abaixo de dez salários mínimos, a população rural correspondia a 15% do total, cerca de 17,6 milhões de adultos.



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