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Altamir assume diretoria de Política Econômica do BC
22/09/2015 às 10h30Altamir Lopes assumirá a Diretoria de Política Econômica do Banco Central a partir da próxima segunda-feira, substituindo o economista Luiz Awazu Pereira, que deixa a instituição para ocupar a vice-presidência do Banco Compensações Internacionais (BIS), na Suíça. Com a saída de Altamir da Diretoria de Administração, esta função será acumulada pelo atual diretor de Relacionamento Institucional e Cidadania do BC, Luiz Edson Feltrim. A escolha de Altamir, uma solução caseira, foi uma forma de superar as dificuldades para recrutar nomes da academia ou do mercado financeiro que teriam que ser submetidos à sabatina do Senado, em momento difícil das relações do executivo com o legislativo. A Diretoria de Política Econômica tem um papel central na operação do sistema de metas de inflação. Altamir é funcionário de carreira do Banco Central desde 1976 quando o BC fez o primeiro concurso para economistas. Participou direta ou indiretamente de todas as negociações do Brasil com o Fundo Monetário Internacional e viveu todas as crises da economia desde o segundo choque do petróleo, em 1979, ano em que houve, também, um choque da taxas de juros nos Estados Unidos. É conhecido entre seus pares como uma "enciclopédia ambulante", pela memória que guarda de números e fatos relevantes desde então. Ele integra a diretoria colegiada desde março de 2011 e tem um histórico de votações pendendo para o lado mais moderado nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Desde que o Copom passou a divulgar os votos nominais de seus membros, em maio de 2012, Altamir votou duas vezes por menos juros em decisões divididas. Apenas o próprio Awazu, com três votos por menos juros, tem um histórico mais moderado do que o de Altamir. O BC havia anunciado a saída de Awazu em março passado e, desde então, o presidente da instituição, Alexandre Tombini, vinha tentando recrutar um nome do mercado financeiro ou da academia para chefiar a área. Como Altamir já é membro da diretoria colegiada do BC, não será necessário uma nova sabatina nem sua aprovação pelo Senado. As funções da Diretoria de Administração serão acumuladas pelo atual diretor de Relacionamento Institucional e Cidadania do BC, Luiz Edson Feltrim. Um dos principais ganhos que Altamir Lopes traz para o regime de metas de inflação é a sua capacidade de comunicação. Entre 1995 e 2011, ele foi um dos principais porta-vozes do BC, como chefe o Departamento Econômico (Depec), responsável por compilar e divulgar estatísticas como o balanço de pagamento, a nota de crédito bancário, os déficits fiscais e endividamento público. Até 1999, quando o Brasil adotou o regime de metas de inflação, esse era o principal departamento de assessoramento econômico do BC. A partir de então, foi montado o Departamento de Pesquisa Econômica (Depep), uma seção responsável pelas pesquisas econômicas e pelas projeções de inflação apresentadas em documentos oficiais do Copom, como suas atas e o relatório trimestral de inflação. Goiano de Formosa, cidade próxima ao Distrito Federal, Altamir tem 63 anos e é especializado em economia pela Escola de Pós-Graduação da Fundação Getúlio Vargas (EPGE) e é bacharel em Economia pela Universidade de Brasília (UnB). A escolha de Altamir não deve trazer uma mudança no perfil de atuação do Banco Central, afirma um ex-presidente do BC. "Acho que ele vai seguir os fundamentos de meta de inflação e pela proximidade com o presidente do BC Alexandre Tombini, pode acompanha-lo nas votações." O nome de Altamir não desagrada o mercado, mas segundo esse ex-presidente do BC, pode refletir uma dificuldade do BC em atrair profissionais do mercado para a diretoria da instituição. Para um outro ex-diretor do BC, a indicação de Altamir foi uma boa solução para a saída de Awazu. Altamir é considerado um diretor com perfil mais reservado e mais cauteloso. Para os profissionais ele deve ajudar na comunicação do BC com o mercado. O BC tem intensificado o tom mais "hawkish" neste ano e reforçado o compromisso com a busca da convergência da inflação para a meta em 2016. Para o ex-presidente do BC, a autoridade monetária deve manter o tom "hawkish" a despeito da atividade fraca.
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