28 de abril de 2011 | 0h 00 - O Estado de S.Paulo
As operações do sistema financeiro no mês de março apresentaram um crescimento de 1% - 1% para pessoas físicas (PFs) e 1,4% para as pessoas jurídicas (PJs). Isso parece indicar uma moderação no ritmo de expansão do crédito, mas sem detalhes que autorizem conclusões muito otimistas.
Convém assinalar que a base monetária (saldo em final de período) apresentou uma queda, pela terceira vez consecutiva, em razão especialmente das operações do Tesouro Nacional (inclusive com os títulos públicos), em parte neutralizadas pelas operações do setor externo: no mês, a redução foi de 3,1%.
Com o PIB crescendo, o total do crédito ficou em 45,4%, o que não significa que se tenha retraído. Note-se que, enquanto as operações de crédito com recursos livres cresceram 1%, aquelas com recursos direcionados (de responsabilidade do governo) aumentaram 2,2%, sob a pressão da á rea habitacional, em que o crédito cresceu 3,5%, num ritmo que ainda poderá criar problemas.
Todavia, é essencialmente o crédito livre que interessa ao setor privado e que poderá ser mais afetado pelas medidas macroprudenciais tomadas pelas autoridades monetárias. A análise dos fatos nesse segmento não permite que se chegue à conclusão de que estaria havendo aí uma economia restritiva. Se consideramos a variação do estoque total do crédito, verificamos não só que aumentou de 1% no caso das PJs e de 1,4% no caso das PFs, mas, mais significativamente, que as concessões acumuladas cresceram 10,7% para as PJs e 5,7% para as PFs. Diante desses dados, parece bastante discutível falar em política de restrição de crédito. No caso das empresas, estamos diante de um aumento sazonal, para enfrentar um acúmulo de compromissos, mas não é o caso do crédito destinado às famílias.
As taxas de juros aumentaram de 0,7%, no crédito às empresas, e de 1,2%, no das famílias. A decisão do Copom, em abril, de reduzir a taxa real da Selic não deverá ter grande efeito sobre a demanda creditícia. O prazo médio do crédito diminuiu de 1% para as PJs, ficando em 388 dias, enquanto para as PFs aumentou de 559 dias para 566, sabendo-se que o prazo é um estímulo ao endividamento.
Atualmente as famílias procuram obter créditos consignados, cuja taxa de juros média era de 28,1% em março. Convém notar que as concessões desse crédito apresentaram aumento de 7,9% em março, o que certamente alimentará a demanda.
Não estamos, pois, com o quadro de restrição de crédito que o combate à inflação exigiria.
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