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2017: o ano da virada no mercado de máquinas agrícolas
Reaquecimento das vendas brasileiras nos primeiros meses do ano anima bancos e montadoras
Fonte: GLOBO RURAL - 04/05/2017 às 10h05Aumento de 41,1% nas vendas de máquinas agrícolas e rodoviárias no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2016, previsão de supersafra de grãos, clima favorável, volta da confiança do agricultor, linhas de financiamento disponíveis, cenário macroeconômico favorável. Todos esses fatores levam montadoras e bancos a prever que 2017 será o ano da retomada do agronegócio brasileiro.
Traduzindo em números, para a Agrishow, a expectativa é de elevação de 10% a 20% nas vendas e financiamentos. “A feira de Ribeirão é um divisor de águas do mercado e concentra os principais lançamentos do ano. Estamos muito otimistas”, diz Vinicius de Assis, gerente de vendas da Valtra.
A recuperação do setor começou no segundo semestre de 2016
ALEXANDRE BLASI, DA NEW HOLLAND
Alexandre Blasi, diretor de mercado Brasil da New Holland, conta que a recuperação do setor começou no segundo semestre de 2016, quando a comercialização de tratores e colheitadeiras já foi melhor na comparação com 2015. Na Agrishow, ele espera um crescimento de pelo menos 10%.
Roberto Biasoto, gerente de marketing de produto da Case IH, aposta em uma recuperação suave do mercado. “Estamos com uma visão até conservadora diante dos bons resultados dos primeiros meses. Não acreditamos que o mercado vá repetir o resultado forte de 2013, mas certamente vai crescer.” Segundo ele, de 30% a 40% das vendas efetuadas no ano pela Case no Brasil nascem ou são fechadas na Agrishow.
Rodrigo Junqueira, diretor de vendas da Massey Ferguson, revela que as feiras agrícolas realizadas no início do ano, como a Expodireto Cotrijal, de Não-Me-Toque (RS), já apresentaram resultados bem melhores, com até 30% de aumento nas vendas em comparação com 2016. Para a Agrishow, ele projeta um crescimento de 20%.
Rodrigo Bonato, diretor de vendas da John Deere, segue a linha otimista dos colegas. Ele não revela a expectativa de faturamento, mas diz que, em seu último relatório trimestral, a montadora apontou que o mercado de máquinas agrícolas como um todo deve crescer de 15% a 20% no ano – resultado de melhoras nas condições econômicas e políticas do Brasil e da Argentina. “O setor agrícola nunca deixou de ser importante para o país e, como dizíamos no ano passado, quando a confiança retornasse, o agro responderia, como realmente vem acontecendo e temos percebido nos dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).”
Para garantir boas vendas na feira, as marcas estimulam seus concessionários e promovem uma série de eventos pré-Agrishow com clientes em potencial. A New Holland trabalha com um diferencial em relação a seus concorrentes: oferece a opção do barter, que é a troca de máquinas por produtos. “O barter vem ganhando força na aquisição de máquinas. O cliente usa uma parte de sua produção para dar uma entrada e negocia a parcela restante que vai entregar no futuro. Ele pode comprar a máquina inteira ou dar uma entrada num lance de consórcio.” Esse escambo funciona apenas para café e grãos.
A Valtra não trabalha com barter, mas tem como clientes cooperativas que oferecem essa opção a seus cooperados. A Massey, líder no mercado brasileiro de tratores há 56 anos, aposta nas vendas por consórcio, especialmente para pequenos e médios produtores. Já a John Deere também vende máquinas por consórcio e destaca, entre as soluções financeiras, as facilidades do financiamento direto pelo Banco John Deere.
Os diretores da New Holland e da Case, montadoras que pertencem à CNH, estimam que de 70% a 80% de suas vendas são feitas com financiamento, boa parte fechada com o Banco CNH. Márcio Contreras, diretor comercial, de marketing e seguros do CNH, diz que o cliente opta pelo financiamento das montadoras pela facilidade em fechar tudo em um só local. Segundo ele, 80% dos contratos são feitos com linhas de juros controlados do BNDES, a 8,5% ao ano, mas o banco também oferece a opção de o cliente complementar a compra ou fazer o financiamento inteiro com o CDC (Crédito Direto ao Consumidor), com juros de 17% ao ano.
Márcio afirma que, no ano passado, o CNH fez o movimento contrário em relação à maioria dos bancos, que reduziram o montante de crédito rural por conta da inadimplência. “Elevamos o volume em 15% e a perspectiva é crescer mais em 2017.” O CNH vai disponibilizar R$ 1 bilhão neste ano para novos financiamentos e espera fechar de 30% a 40% desse volume na Agrishow.
TARCÍSIO HUBNER, BANCO DO BRASIL
Carlos Aguiar, superintendente de agronegócios do Santander, afirma que o banco também não tirou o pé do acelerador em 2016. “Fomos a instituição financeira que mais elevou a carteira de crédito rural, passando de R$ 6,064 bilhões para R$ 8,958 bilhões, um crescimento de 47,7%.” Ele se refere ao montante emprestado com juros controlados. A carteira total foi de R$ 40 bilhões e a expectativa é manter o volume neste ano, já que muitos financiamentos são feitos em dólar, que teve queda na cotação. Para a Agrishow, que responde por 10% dos financiamentos do banco, o Santander disponibilizou R$ 1 bilhão em crédito pré-aprovado.
Tarcísio Hubner, vice-presidente de agro do Banco do Brasil, destaca a agilidade como um dos diferenciais da instituição, que lidera o mercado de crédito rural (no ano passado, ficou com 59,2%). “Fechamos vários contratos na mesma semana em feiras agrícolas deste ano. O cliente leva os documentos no início da feira e no final já está aprovado. Isso é possível porque os recursos já estão no banco.” A carteira do BB para a Agrishow é de R$ 1,5 bilhão, mas Tarcísio garante que esse montante pode aumentar se houver mais procura.
Na Agrishow, o BB vai lançar a opção de contratar o financiamento de máquinas por aplicativo de celular. Essa opção já está disponível para operações de custeio. “O cliente só precisa ir ao banco para assinar.” A instituição oferece ainda a linha Invest Agro para compra de máquinas agrícolas importadas, com juros de 9,9% a 12,75% ao ano.
O Bradesco prevê superar o volume de R$ 1 bilhão no financiamento de máquinas na feira de Ribeirão, segundo Rui Pereira Rosa, superintendente de agronegócios. Ele diz que a modalidade vem apresentando volume crescente e o Bradesco é o banco privado que mais financia o agronegócio brasileiro. No ano passado, a carteira total foi de R$ 21,7 bilhões. Para este ano, a previsão é elevar o volume em 12%. Em feiras como a Agrishow, são fechados 20% dos financiamentos do banco.
RUI PEREIRA ROSA, DO BRADESCO
Para o próximo Plano Safra, que começa em julho, os executivos dos bancos esperam que o governo mantenha o mesmo volume de recursos do plano 2016/2017, estimado em R$ 185 bilhões. Sobre a taxa de juros, a aposta é que, se houver queda, será pequena, devido ao ajuste fiscal. “Pequenos e médios produtores devem ter crédito assegurado com juros controlados. Já para os grandes, o mercado oferece outras soluções”, resume Tarcísio, do BB.
Atualmente, as taxas de juros para custeio são de 8,5% para os médios produtores por meio do Pronamp, mesmo percentual cobrado para os financiamentos de investimento do Moderfrota aos produtores com renda bruta anual inferior a R$ 90 milhões. Segundo o Ministério da Agricultura, o número de produtores que tiveram acesso ao crédito rural com juros controlados na safra 2015/2016 foi de 564.953. Na atual safra, de julho até março, foram 374.828.