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Volta do emprego fica mais distante e deve abalar renda
Ritmo lento de vacinação e recrudescimento da pandemia, com novas restrições para a circulação de pessoas e para o funcionamento de estabelecimento comerciais e de serviços, trazem viés negativo ao mercado de trabalho brasileiro, principalmente no primeiro semestre, apontam economistas. Além disso, há muitas dúvidas sobre como as pessoas vão reagir de fato ao “lockdown” e ao pagamento de um auxílio emergencial bem mais enxuto.
A população ocupada vinha se recuperando lentamente no segundo semestre de 2020, contida, sobretudo, pelos informais, observa Gustavo Ribeiro, economista-chefe do ASA Investments. Com o fim de estímulos do governo no início de 2021 — não só o auxílio, mas ainda programas para empresas manterem empregos, como o BEm — já era esperada uma deterioração ou, ao menos, “pausa” nesse processo, diz Ribeiro. A expectativa, porém, era que a recuperação voltasse no segundo trimestre, ficando visível no fim do ano.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE, a população ocupada somava 86,2 milhões de pessoas no último trimestre de 2020. O nível pré-covid era de 95 milhões, e o ASA previa se aproximar de 91 milhões em 2021. “Estamos cerca de 10 milhões abaixo do que era antes da pandemia. Via capacidade de recuperar metade disso até o fim do ano. Provavelmente, a projeção será revista. Ela parece otimista agora, com mais medidas de ‘lockdown’”, afirma Ribeiro.