Clipping
Sucesso no Brasil, um ano depois Pix ainda perde para TED e cartões
Após um ano de funcionamento, o Pix caiu no gosto dos brasileiros rapidamente. Dados do Banco Central mostram que o sistema de pagamentos instantâneos já é mais utilizado que outras ferramentas de transferência, como o DOC (Documento de Crédito) e a TED (Transferência Eletrônica Disponível), e também tem abarcado boa parte das transações no comércio.
Apesar do sucesso, considerando o volume de transações em reais, o Pix ainda luta por espaço com a TED. No caso do número de transações, o sistema ainda perde para os cartões de débito e de crédito.
Na prática, o brasileiro ainda prefere fazer TED quando a transferência é de valores maiores e usar cartões ao pagar contas em restaurantes ou supermercados, por exemplo.
Pix versus TED
Prático e gratuito, o Pix se tornou a ferramenta mais utilizada para transferência de recursos entre os brasileiros. Conforme o BC, apenas em setembro deste ano foram feitas 1,04 bilhão de operações com o Pix.
No mesmo mês, foram 349,2 milhão de transações com boletos bancários e apenas 94,3 milhão de operações com TED. Os demais meios de transferência — que abarcam DOC, cheques e TEC (Transferência Especial de Crédito, pouco conhecida e utilizada) — somaram 24,7 milhões de operações.
Em reais, no entanto, o Pix movimentou bem menos que a TED em setembro, conforme os dados do BC:
- TED: R$ 3,09 trilhões
- Pix: R$ 554,4 bilhões
- Boleto: R$ 420,8 bilhões
- Outros: R$ 58,9 bilhões
De acordo com Mayara Trindade Yano, assessora do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro (Decem) do Banco Central, isso ocorre porque o Pix foi bastante adotado por pessoas físicas, mas muitas empresas ainda preferem realizar transferências por meio de TED.
"Na questão do valor, o Pix já superou o boleto e o DOC. Só que a TED tem uma característica particular, porque foi criada para transações de alto valor. Então, já havia o uso nos casos de alto valor, principalmente por empresas. Em volume financeiro, o Pix ainda não superou a TED, porque seu uso pelas empresas está sendo mais gradual do entre as pessoas físicas", Mayara Trindade Yano, do Banco Central.
Uso do Pix por empresas exige adaptações
Mayara Yano argumenta ainda que, para muitas empresas, o uso do Pix requer adaptações. "Muitas delas utilizam sistemas integrados de gestão para fazer movimentações de alto valor, que dependem de várias alçadas dentro da companhia. Alguns destes sistemas levam um tempo a mais para serem ajustados", explica.
Os dados do BC mostram que, em setembro, as transferências entre pessoas pelo Pix somaram 647,9 milhões de operações. Já as transferências entre empresas atingiram apenas 23,3 milhões. Em muitos casos, as empresas seguem preferindo a TED.
Segundo Marco Zanini, CEO da Dinamo Networks — empresa que presta serviços para instituições financeiras na área de segurança de identidade digital e criptografia —, o Pix teve grande penetração entre as pessoas físicas que transferem pequenos valores. Isso ocorreu em função do uso gratuito, ao contrário da TED.
Zanini explica que muitos bancos mantêm uma mesa para monitorar transferências. Quando a TED é de um valor maior, é comum que o banco ligue para a empresa para confirmar a operação.
"Ainda há um conceito no mercado de que a segurança da TED é maior. O Pix tem uma obrigação tecnológica regulamentada de que a transferência aconteça em até 10 segundos", diz Zanini. "Na TED, não existe esta regra. Há um tempo para voltar atrás."