O programa criado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para oferecer crédito para empreendedores individuais e micro, pequenas e médias empresas contratou três fundos dos dez que estão programados para participar do processo. Até o momento, banco de fomento já decidiu a destinação de R$ 1,1 bilhão. Considerando os aportes dos demais investidores, os valores somam R$ 1,5 bilhão.
 
Pelo modelo apresentado, o BNDES participará com até 90% das cotas, com um limite de até R$ 500 milhões. O total aportado pelo banco vai ficar entre R$ 3,5 bilhões e R$ 4 bilhões, conforme o inicialmente planejado. Segundo o diretor de mercado de capitais e crédito indireto da instituição, Bruno Laskowsky, o montante deve ficar neste patamar.
 
Apesar da medida ter sido lançada por causa da crise gerada pelo coronavírus, o objetivo é que seja um programa de longo prazo, com chamadas pelo menos anuais, diz Laskowsky. “O tema não é apenas de atuar com capital de giro, o sentido é de dar fôlego para retomada da economia”, afirma o diretor.
 
Em maio de 2020, o banco lançou uma concorrência para receber propostas do mercado para fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs). O BNDES escolheu até dez parceiros na distribuição dos recursos e a expectativa era a de que, após a estruturação dos fundos, no final de junho ou julho de 2020 os recursos estariam disponíveis.
 
Mas, contrariando as expectativas do BNDES e do mercado, o primeiro fundo contratado foi anunciado apenas em março deste ano. Segundo o executivo do banco, as tratativas ocorreram dentro dos prazos normais de contratação, com aprofundamento de regras e o “devido dever fiduciário”. Agora, com toda a estrutura pronta, o processo deve se acelerar e novos fundos devem ser logo anunciados.
 
Os três fundos já contratados são os das gestoras Captalys, SRM e BRPP, do Grupo Genial. São FIDCs registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e devem realizar operações de financiamento por meio de plataforma eletrônica própria ou de empresas parceiras, como fintechs. Neles, o crédito a ser concedido varia de R$ 70 mil a R$ 400 mil, mas outros fundos vão atender valores menores, inclusive microcrédito.
 
Na SRM, os financiamentos serão feitos por meio de sua fintech TrustHub, conta o diretor Paulo Fróes. O FIDC vai receber um aporte de R$ 400 milhões do BNDES e também terá a Verde Asset como investidora, com R$ 25 milhões. O fundo tem objetivo de seis anos e poderá atender mais de 15 mil empresas, de diversos setores, com operações de em média R$ 250 mil e uma taxa média de 1,8% ao mês. “Os recursos estão vindo no pior momento da crise. A inadimplência tende a se manter ou aumentar um pouco, mas não deve ser estratosférica”, afirma Fróes.
 
O primeiro fundo contratado, em março, foi o da BRPP, do grupo Genial. O BNDES vai subscrever no total R$ 487 milhões em cotas do fundo, que também contará com aporte de R$ 138,3 milhões da Cyrela e da BRPP, totalizando R$ 625,3 milhões. Segundo o presidente do banco Genial, André Schwartz, cerca de R$ 10 milhões já estão aprovados para financiamentos. Eles serão concedidos por meio da CashMe, fintech do grupo Cyrela, que atua no segmento de “home equity” -os interessados precisam oferecer em garantia um imóvel avaliado em pelo menos 50% acima do valor do empréstimo. “A pandemia se estendeu e veio a segunda onda da covid-19. Esse instrumento é importantíssimo para fluir a liquidez do mercado. Há negócios de menor porte que estão no limite da sobrevivência”, diz Schwartz.
 
Na Captalys, o fundo de R$ 400 milhões terá um período médio de operações de dois anos e um valor médio de R$ 70 mil. O BNDES vai participar de 56% do fundo, e os empréstimos serão contratados por meio da plataforma Tomatico