Clipping
PIB teve queda recorde de 8,7% no 2º tri, aponta FGV
A economia brasileira teve queda recorde de 8,7% no segundo trimestre ante o período de janeiro a março devido à pandemia, segundo o Monitor do PIB, anunciado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Na comparação com segundo trimestre de 2019, a queda foi de 10,5%.
Somente em junho, a atividade caiu 6,5% em relação ao mesmo mês do ano passado, mas avançou 4,2% na comparação com maio, acrescentou Claudio Considera, economista da FGV.
Para o especialista, apesar de retração recorde na economia aguardada pelo mercado para segundo trimestre, há sinais de que, na margem, a atividade começa a reagir.
Entretanto, mesmo com sinais menos desfavoráveis , a pesquisa da fundação mostra queda profunda na economia, causada pela crise da covid-19. Segundo ele, o patamar do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre deste ano está 14% abaixo do pico observado no primeiro trimestre de 2014, o último antes de a economia entrar na recessão que durou até 2016. No quarto trimestre de 2019, era 3% inferior.
Na pesquisa, a FGV projeta queda histórica de 11,6% no consumo das famílias no segundo trimestre ante igual período de 2019. “O patamar do consumo das famílias no fim do ano passado tinha se posicionado em mesmo patamar do primeiro trimestre de 2014. Agora [no segundo trimestre] está 14% abaixo”, acrescentou Considera.
Pelo lado da oferta, o economista informou também que a economia de serviços, 70% do PIB, deve cair 9,1% no segundo trimestre ante igual período de 2019.
O monitor também antecipa queda recorde nos investimentos na economia. Na pesquisa, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) caiu 20,9% no segundo trimestre ante mesmo trimestre no ano passado. A taxa de investimento na economia ficou em 15,8% de abril a junho, mais de dois pontos percentuais abaixo da taxa de investimentos média da economia desde 2000.
“Estamos longe de ter investimento que tínhamos antes da recessão [de 2014]”, afirmou.
Considera comentou que, mesmo antes da pandemia, a economia crescia norteada não por investimentos, e sim por consumo. “E o consumo nem era por bens e produtos, e sim por serviços”, completou. Isso fez com que a economia crescesse a ritmo de 1% ao ano, uma “marcha lenta” nas palavras do especialista.
Para redirecionar a economia para taxas de crescimento contínuas, na faixa de 3% anuais, o técnico destacou necessidade de fortalecimento da FBCF. Com investimentos na atividade, como obras e construções, há abertura de vagas, com posterior geração de renda e aumento de consumo. Somente assim a economia poderia voltar a crescer a ritmo em torno de 3% ao ano, notou ele. “Sem investimento a economia não volta a crescer", completo.
Para 2021, o técnico informou que o PIB deve voltar a crescer, mas influenciado por base de comparação baixa de 2020. Até o momento, as projeções da FGV apontam para recuo em torno de 6% na economia esse ano.
No Monitor do PIB, as exportações caíram 0,4% no segundo trimestre ante igual período de 2019. No mesmo período, as importações caíram 14,2%.