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País pode ter 3 mil insolvências este ano
As insolvências de empresas podem aumentar 47% no Brasil neste ano, dependendo do apoio do governo que o governo dará a vários setores em meio a efeitos devastadores da crise sanitária. As insolvências nos países que são destinos de exportações brasileiras também podem crescer 17% neste ano. As projeções são da Euler Hermes, seguradora de crédito do Grupo Allianz.
No ano passado, as insolvências em meio à pandemia tiveram queda de 15% no país, em razão do suporte do governo e do fechamento de tribunais, por exemplo - daí porque a queda não refletiu com precisão a situação financeira das companhias.
Antes da pandemia, o número de insolvências no Brasil ficou em 2,8 mil, na média anual, entre 2016 e 2019. Em 2020, diminuiu para pouco mais de 2000. Agora a Euler Hermes projeta que a cifra pode atingir ou superar a barreira de 3 mil.
Os argumentos que apontam para mais insolvências incluem ciclos de paralisações e retomadas da atividade no primeiro trimestre, e o fim ou a redução do apoio estatal em 2021. Além disso, aumenta a pressão dos preços de insumos. E os custos de financiamento também devem subir com a normalização da política monetária.
Também riscos políticos, como a postura intervencionismo do presidente Jair Bolsonaro na Petrobras, podem acentuar a tensões financeira no Brasil. Esses riscos elevam a pressão sobre os custos das empresas e sobre o real, com impacto na lucratividade, segundo Euler Hermes.
Para a seguradora, um eventual pacote de apoio do governo, que não está na agenda pelo momento, poderia retardar a onda de insolvência para 2022 no Brasil.
Além de mais insolvências, as perspectivas de investimentos no país são consideradas fracas. Preços de importação mais altos, com real mais fraco, geralmente ‘’andam de mãos dadas com baixos investimentos’’, nota a Euler Hermes.
Como resultado das pressões inflacionárias, a Euler Hermes prevê que o Banco Central aumentará as taxas de juros pela primeira vez desde 2015. Isso pode ajudar a conter a inflação, mas aumentará o custo dos empréstimos e pode sufocar a recuperação, diz a seguradora.
A Euler Hermes aponta como um dos riscos no país a disponibilidade de vacinas contra covid-19. E acha que a melhora nos números de hospitalização pode vir em abril.
Também alerta para “alto risco político e social’’ por causa do emprego e do fim ou redução do auxílio emergência. A Euler Hermes estima que a taxa de desemprego “verdadeiro” no país é de 22%, se for levado em consideração os 10 milhões que ainda estão fora da força de trabalho desde fevereiro. A taxa oficial era de 13,9% em meados de fevereiro.
Risco social e incerteza económica moldam 2021 e 2022 no Brasil, na avaliação da seguradora. Na América Latina como um todo, a empresa aponta choques desiguais e caminhos divergentes. A recuperação pode ser mais dinâmica em Colômbia, Uruguai, Chile e Peru. Já México e Argentina ficarão atrás.
Globalmente, a projeção é de que a recessão continua neste trimestre em países onde a situação sanitária piorou (Europa, América Latina). A seguradora reitera que a saída mais lenta da crise pressiona por mais sustentação monetária e fiscal.