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Pagamento digital deve dobrar em cinco anos
O volume de pagamentos digitais pode ficar perto de dobrar nos próximos cinco anos no Brasil. Segundo estudo da consultoria Accenture, essas transações podem saltar da casa de US$ 360 bilhões para US$ 650 bilhões por ano até 2026 com a aceleração do processo de digitalização dos meios de pagamento em curso no país, incluindo a popularização do Pix, e a entrada de mais pessoas no sistema financeiro.
Comparado a países como Reino Unido, Estados Unidos e China, o Brasil é bastante incipiente no movimento que tende a levar a uma utilização cada vez menor do dinheiro em espécie. Na China, por exemplo, as carteiras digitais estão substituindo rapidamente os pagamentos em dinheiro. Segundo a consultoria, 76% das transações em 2019 no país foram originadas de carteiras móveis, ante 12% em 2014. Isso porque os consumidores chineses já estão acostumados a usar aplicativos móveis e códigos QR para pagar em restaurantes e lojas há alguns anos.
Esses três países devem ser os grandes responsáveis pela transição do numerário para pagamentos digitais no mundo no médio prazo. Pelo levantamento da Accenture, a previsão é que cerca de 420 milhões de transações, no valor de US$ 7 trilhões, no mundo inteiro deverão migrar de dinheiro para cartões e pagamentos digitais até 2023 - e irão aumentar para US$ 48 trilhões até 2030.
Edlayne Burr, líder de estratégias para pagamentos da Accenture na América Latina, entende que não estamos atrasados nessa tendência mundial e que cartões e pagamentos digitais dobrarem de tamanho é um movimento agressivo, o que coloca pressão adicional aos bancos no Brasil por mudanças em seus sistemas de pagamentos, principalmente no caso das maiores instituições do país. “A pandemia acelerou a mudança para os pagamentos digitais em um ritmo que os bancos do mundo todo não poderiam ter previsto. O Brasil faz parte disso.”
O estudo da consultoria mostra que 75% de 120 executivos de pagamentos em bancos de 20 países, ouvidos entre julho e agosto de 2020, confirmaram que existe essa pressão adicional. E 65% deles disseram que o custo de manter legados tecnológicos em seus sistemas de pagamentos está impedindo sua capacidade de investir em novas soluções para o cliente. Edlayne comenta que os grandes bancos estão cientes dessas necessidades de mudanças e preparados para ter atitudes reativas, como as demonstradas na pandemia.