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O que você precisa prestar bem atenção na decisão do Copom
Na reunião que deve promover a primeira alta na Selic desde julho de 2015, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve alterar sua comunicação e admitir uma surpresa nas leituras mais recentes de inflação e em relação às expectativas de inflação do mercado. Além disso, os dirigentes também devem indicar que o balanço de riscos se tornou mais assimétrico em relação à janeiro, o que justificaria o início do processo de normalização monetária.
Confira, abaixo, os principais pontos a serem observados no comunicado do Copom.
Cenário externo
Para analistas, o colegiado pode indicar que o cenário externo não se mostra mais tão favorável a economias de mercados emergentes. Os economistas do J.P. Morgan, por exemplo, avaliam que o Copom apontará que, mesmo com os principais bancos centrais do mundo prometendo dar continuidade aos estímulos, as condições financeiras para economias emergentes ficaram mais restritivas.
Atividade econômica
O comitê deve admitir que a economia continua a receber impulso da retomada mais forte que o esperado no fim de 2020, mas que desacelerou nos últimos meses devido a um grupo de fatores, entre eles, o fim da primeira fase do auxílio emergencial. “Esperamos que o comitê reconheça os riscos negativos para a atividade, dada a segunda onda bastante intensa da covid-19, e o correspondente aperto das restrições de circulação em vários estados”, acrescentam os economistas do Goldman Sachs.
Inflação
Copom deve admitir uma surpresa nas leituras de inflação desde janeiro e reforçar a mensagem de que a alta nos preços das commodities deve elevar a inflação nos próximos meses. Além disso, o colegiado deve voltar a apontar que as medidas de inflação subjacente continuam acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta.
Projeções de inflação
Na avaliação dos economistas do Itaú Unibanco, as projeções de inflação no cenário base do Copom, que inclui taxa de câmbio seguindo a paridade do poder de compra e trajetória da taxa de juros extraída do Boletim Focus, devem subir de 3,6% para 4,3% em 2021 e de 3,4% para 3,5% em 2022.
Balanço de riscos
A piora do cenário externo e do quadro fiscal apoiam um tom mais “hawkish” (favorável à retirada dos estímulos) na comunicação. Apesar disso, o Citi avalia que a deterioração do quadro da pandemia de covid-19 no país deve levar os membros a não se comprometerem de forma definitiva com os próximos passos. Um tom mais ambíguo quanto ao balanço preserva algum espaço de manobra para observar esses riscos, avaliam.