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Neon recebe licença do Banco Central e entra em nova fase
A Neon Pagamentos recebeu autorização do Banco Central (BC) para funcionar como instituição de pagamento, nas modalidades emissora de moeda eletrônica e emissora de instrumento de pagamento pós-pago. A licença vem com o crescimento da fintech, que atingiu volumes de contas e transações que lhe obrigam a obter essa permissão, e marca uma nova fase na vida da companhia.
Com a nova licença, a Neon pode liquidar suas próprias transações e, em tese, não precisaria mais da parceria com o Banco BV, que presta esse serviço para a fintech. Entretanto, o CEO da Neon, Jean Sigrist, diz que pelo menos até o fim do ano a parceria deve continuar. “A gente vai se tornar independente ao longo do tempo, mas não será no curto prazo”, afirma. O BV tem uma participação no capital da Neon, menor do que alguns outros acionistas, mas Sigrist diz que uma coisa independe da outra. “Não há vínculo entre o fato de ser acionista e o serviço prestado para a gente”, explica.
A Neon foi criada em 2016 por Pedro Conrade, e Sigrist entrou na companhia no ano seguinte. Em setembro do ano passado, a fintech anunciou um aporte de R$ 1,6 bilhão, liderado pela gestora de private equity General Atlantic (GA), que havia sido uma das protagonistas do aporte feito anteriormente, além de BlackRock, Vulcan Capital, PayPal Ventures e Endeavor Catalyst. Desse total, R$ 800 milhões entraram no caixa em 2020, R$ 400 milhões agora em abril e mais R$ 400 milhões devem vir em outubro.
Sigrist conta que a companhia passou nos últimos meses por um período de inflexão, com o desafio agora de combinar a estratégia de crescimento com o caminho para a lucratividade. Em 2020, a empresa cresceu mais do que o esperado, impulsionada pela digitalização trazida pela pandemia, especialmente entre as classes C e D, seu público-alvo. Atualmente, conta com mais de 11 milhões de clientes.
Com a nova licença, além de contas de pagamento a Neon poderia começar a oferecer portabilidade para conta-salário, mas Sigrist diz que isso deve ocorrer mais para o fim do ano. Segundo o executivo, a estratégia da fintech é ter uma oferta focada de produtos, com uma operação eficiente. “Não acreditamos na estratégia de criar um marketplace, de diversificar demais e fazer tudo ‘mais ou menos’. Vamos ter uma área de investimentos, mas focada no nosso público”, afirma.
Com o aporte recente, a Neon tem capital para crescer sem precisar se preocupar com uma eventual oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). Para Sigrist, o IPO é sempre uma opção, mas também pode ser uma distração. “Ele será cada vez mais uma opção à medida que a operação fique mais redonda, cresça mais. Mas também sempre temos a opção de tocar a vida de forma independente, temos acionistas muito poderosos.”