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Mercantil fortalece atuação com público aposentado
O Banco Mercantil do Brasil, controlado pela família Araújo, fortaleceu sua atuação com o público aposentado e está investindo em tecnologia para fidelizar clientes e ampliar a oferta de serviços, a fim de reduzir a concentração no crédito consignado.
“O cliente acima de 50 anos é muito pouco olhado no Brasil e é um público que cresce. Daqui a dez anos, o país vai ter mais de 70 milhões de brasileiros acima de 50 anos”, disse o CEO do Banco Mercantil do Brasil, Gustavo Araújo, que assumiu o comando da instituição há sete meses. Dos quase 3 milhões de clientes atuais, 75% têm mais de 50 anos.
O Mercantil venceu oito dos 26 lotes do último leilão da folha de benefícios do INSS. O banco recebe por mês uma média de 100 mil novos aposentados de Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e Bahia. Araújo disse que 75% desses aposentados tornam-se clientes do banco, adquirindo outros serviços.
“O público acima de 50 anos e de aposentados mudou. Hoje esse público tem um perfil mais ativo, mais digital”, disse Araújo. No Mercantil, 51% das transações são feitas nos canais digitais.
Pelo segundo ano, o Mercantil investe pouco mais de R$ 100 milhões em tecnologia para aperfeiçoar os serviços aos clientes. Parte dos recursos foram usados na adoção de inteligência artificial para analisar grandes volumes de dados e, a partir dessas informações, oferecer produtos personalizados.
O banco analisa, por exemplo, dados dos cartões dos clientes para saber onde compram e buscar parcerias de descontos com varejistas, fazendo análises em tempo real para oferecer linhas de crédito aos clientes. Com a análise de dados foi possível perceber que 63% dos clientes acima de 50 anos ainda são o principal provedor da família, têm filhos em em idade escolar e sentem muito o impacto inflacionário em seu orçamento. Para atender esse público, o banco desenvolveu produtos de investimento travados no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O Mercantil também investiu no desenvolvimento de aplicativos em uma versão mais leve para rodar em celulares mais simples, preferido por uma parcela dos aposentados. O banco desenvolve sistemas para troca de conversas com clientes por chat box e WhatsApp.
Araújo diz acreditar que a mescla entre inovação e tradição pode ajudar o banco a manter um ritmo acelerado de crescimento nos próximos anos. “Hoje conseguimos ter solidez e retorno de banco tradicional com ritmo de crescimento de uma startup”, afirmou.
Em 2020, o Banco Mercantil do Brasil teve lucro líquido de R$ 151 milhões, alta de 24,4% em relação ao ano anterior. O resultado bruto da intermediação financeira aumentou 10,4%, para R$ 1,54 bilhão. O retorno sobre o patrimônio líquido médio ficou em 30,58%, contra uma média do setor de 26,18%, segundo o Valor Data. O índice de Basileia ficou em 16,60, para uma média do setor de 15,80.
A carteira de crédito atingiu R$ 6,45 bilhões, com crescimento de 32,4% em relação a 2019. Desse total, R$ 2,91 bilhões referem-se a consignado para aposentados, com alta de 144% em relação a 2019. A segunda maior fonte foi de crédito pessoal para aposentados do INSS, que somou R$ 1,36 bilhão, alta de 4,3%. Empréstimos para capital de giro cresceram 9,4%, para R$ 603,1 milhões. A taxa de inadimplência diminuiu de 5,5% para 4,5% entre 2019 e 2020. “Esperamos que com o início da vacinação contra a covid-19 a economia volte a crescer e isso se reflita na melhora dos níveis de inadimplência.”
Em janeiro, as ações ordinárias e preferenciais do Mercantil passaram a ser negociadas no Nível I da B3. Araújo disse que o banco já vinha trabalhando nos últimos anos para melhorar a governança e dar mais transparência possível aos minoritários, tendo havido pouca mudança com a migração de nível. A família Araújo detém 71% das ações, de forma direta e por meio de fundos de investimentos.
Atualmente com 276 agências físicas no país, o banco prevê crescer suas operações na área digital. O número de agências, segundo Araújo, não deve passar de 300.