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Mercado quer alta maior e imediata da taxa Selic
Na próxima semana, em meio ao pior momento da pandemia da covid-19 no país, o Banco Central (BC) terá que tomar uma decisão difícil. Apesar do cenário de caos na Saúde e com a atividade econômica se desmanchando, economistas do mercado financeiro consideram cada vez mais imperiosa a necessidade de o BC elevar a Selic logo, e de maneira mais efetiva. O mercado fala em alta de 0,5 ponto na próxima reunião do Copom e entrou no radar até mesmo a possibilidade de zerar os estímulos antes do fim do ano, o que levaria a Selic de volta aos 6% ao ano.
Para os economistas, a inflação deve chegar, em junho, aos 6% em 12 meses e o atual cenário vai exigir mais gastos. “O risco de um movimento maior de alta da Selic aumentou nas últimas semanas e, mesmo com a aprovação da PEC Emergencial no Senado, não pode ser considerado pequeno. A pandemia significa mais pressão por gastos, ou seja, riscos ao cumprimento do teto, o que, por sua vez, implica em pressão sobre dólar e inflação”, diz Solange Srour, do Credit Suisse. A pressão pode aumentar após o Senado dos EUA ter aprovado, no sábado, o segundo maior pacote de auxílio do país.
O ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore vê com preocupação pressões do mercado para alta forte e acelerada dos juros. “Se for subir juros para baixar o câmbio, acho um erro, vai impor desaceleração adicional da economia. Se tem que começar a subir, vá devagar”, diz. Pastore e os economistas Arminio Fraga e Luiz Carlos Mendonça de Barros apontam a gestão inadequada da pandemia pelo presidente Jair Bolsonaro como fator responsável pelo risco atual de recessão técnica.