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Melhora da margem financeira vai ajudar bancos no 3º trimestre

Fonte: Valor Econômico - 25/10/2021 às 02h10

A primeira metade do ano foi de forte aumento no lucro dos bancos, já que a base de comparação estava pressionada, pois no início de 2020 eles elevaram as provisões para lidar com a pandemia. Agora no terceiro trimestre, os avanços nas últimas linhas do balanço podem não ser tão vultosos, mas a expectativa dos analistas é de melhora na qualidade dos números. O grande impulsionador deve ser a melhora da margem financeira, com os bancos acelerando linhas de maior retorno.
 
De acordo com a média de oito casas ouvidas pelo Valor, o lucro consolidado de Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander deve atingir R$ 21,993 bilhões no terceiro trimestre, com queda de 0,4% ante o segundo trimestre, mas alta de 30,8% na comparação anual. No segundo trimestre, o ritmo de expansão anual havia chegado a a 72,7% e, no primeiro, a 55,6%. A nova temporada começa no dia 27, com os resultados do Santander.
 
Segundo os analistas do UBS, a margem financeira deve ser o principal impulsionador dos resultados. Eles citam diversos fatores que apontam boas tendências para a margem com clientes. Os guidances de Bradesco e Itaú indicam sólido crescimento da margem no segundo semestre, os dados do Banco Central mostram recuperação nos volumes de linhas com maior retorno e as carteiras de crédito estão se expandindo em um bom ritmo. “A fatia de empréstimos de alto retorno para famílias - cheque especial, empréstimos de cartão de crédito (rotativo e parcelado com juros) e crédito pessoal sem garantia - aumentou, voltando ao nível pré-covid de cerca de 11% dos empréstimos totais. Esses empréstimos têm uma taxa de juros média de 6,5% ao mês (ante uma média de 1,6% ao mês para o total dos empréstimos às famílias)”, diz a equipe do UBS.
 
O Bank of America também aponta para um avanço da margem financeira com clientes, com a melhora do mix de crédito compensando o aumento no custo de funding em função da alta da Selic. Para o Citi, as dinâmicas operacionais são benignas, graças a “volumes maiores de empréstimos, efeitos positivos de taxas maiores na margem com clientes e impactos limitados na deterioração da qualidade dos ativos”.
 
Na visão do Itaú BBA, a temporada de balanços será “boa, mas não excelente”, e as discussões sobre 2022 podem acabar roubando a cena. Com uma expectativa menos otimista, os analistas apontam que talvez a margem financeira não melhore. “Apesar de um mix de crédito de maior retorno, o aumento nos custos de funding ultrapassa as taxas dos produtos finais, causando compressão do spread em linhas-chave, como habitação e consignado. O crescimento da margem com clientes provavelmente será mais lento do que a expansão da carteira.”
 
Nesse cenário de ausência de melhora da margem de crédito, maiores despesas e sinais iniciais de aumento da inadimplência, o Itaú BBA diz que esses fatores começarão a pressionar as expectativas de ganhos dos bancos para o próximo ano. “A economia também deverá desacelerar significativamente. Portanto, estimamos um crescimento modesto do crédito, de 7% para os grandes bancos que cobrimos, no ano de 2022”.
 
Bruno D’Ávila, analista da Mauá Capital, também enxerga pressão na margem financeira por conta do aumento da Selic. “Metade do negócio dos bancos é o spread, então inevitavelmente vai acontecer esse impacto”, avalia, ressaltando que é difícil quantificar o nível de pressão nas margens que começará a preocupar o mercado. Ele também aponta que outro risco a se monitorar é o de inadimplência, conforme a renda das famílias, já pressionada por conta da pandemia, começa a ser corroída pela inflação.
 
No lado negativo, o grande destaque dos balanços dos bancos no terceiro trimestre devem ser as despesas administrativas. No mês passado foi aprovado um reajuste de 10,97% nos salários dos bancários e muitas instituições já devem realizar provisões. Nos balanços do segundo trimestre, os bancos já tinham alertado que a inflação elevada deveria levar a reajustes maiores para a categoria, o que pesaria nos gastos neste ano e no próximo. O diretor de relações com investidores do Banco do Brasil, Daniel Maria, disse que o tema representava um desafio muito grande. O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Jr., também comentou que o reajuste traria impacto nas despesas.

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