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Juros baixos vão criar explosão empreendedora, diz fundador da XP
O cenário de juros básicos em patamar baixo no Brasil vai gerar uma explosão empreendedora no país que deverá desafiar os grandes bancos, afirmou o fundador da XP, Guilherme Benchimol, em debate promovido no 34º Fórum da Liberdade, transmitido online nesta segunda (12).
Segundo o empresário, quando a Selic, a taxa básica de juros, está alta, muitos empreendedores e investidores deixam recursos aplicados em títulos do governo, com baixo risco e alto ganho, inibindo o surgimento de mais negócios.
"Se você quer montar uma pizzaria e percebe que pode ganhar 15% ao ano [em cenário de juros altos], desiste, porque o título do governo paga 13% sem você precisar fazer nada."
Em contrapartida, quando a taxa está nos atuais 2,75% ao ano, surgem fundos de venture capital (capital de risco) interessados em investir em novos negócios e os empreendedores se dispõem a correr mais riscos, disse Benchimol.
Os investimentos em fintechs (startups do setor financeiro) avançaram 70% em 2020 no Brasil, apesar da pandemia. Segundo relatório da empresa Distrito, chegaram a US$ 1,9 bilhão (cerca de R$ 11 bilhões) no ano passado, com avanço de mais de 73%.
Para Benchimol, o Brasil, apesar de impor burocracias, é um dos melhores lugares para se iniciar um negócio.
"o Brasil tem infinitas oportunidades. Se eu fosse extraterrestre e tivesse que investir em algum país na Terra, colocaria no Brasil. Aqui falta tudo. Experimenta empreender na Califórnia. Lá, você tem menos burocracias, mas a competição é altíssima."
Para o empresário, o avanço do empreendedorismo é necessário para que uma agenda liberal tenha sucesso no Brasil. Em sua visão, mais empreendedores no mercado trarão mais pressão para que se consiga uma melhora do ambiente de negócios.
Benchimol afirmou que a empresa do setor financeiro que não se tornar uma fintech não resistirá. Para ele, isso significa colocar o cliente como o mais importante, ter agilidade e montar estruturas de trabalho horizontais, evitando cadeias de comando que desmotivam a maior parte dos funcionários.
Sergio Furio, fundador da fintech Creditas, disse que o cenário brasileiro para empreendedorismo tem levado pessoas com alta formação a deixarem grandes empresas para partirem para as fintechs, trazendo ao mercado inovações que seriam difíceis de serem viabilizadas em grandes corporações.
Furio afirmou que, apesar de os juros cobrados pelos bancos ainda serem altos, a existência das fintechs tornou mais clara essa percepção para o consumidor. Ele diz acreditar que o controle da maior fatia do mercado por poucos bancos deve perder espaço em alguns anos.
Os empresários também discutiram a importância das criptomoedas, impulsionadas por fortes altas do bitcoin. Apesar de verem perspectivas de investimento no ativo, a possibilidade de uso delas para pagamentos no dia a dia ainda é encarada com ceticismo.
Benchimol afirmou considerar o bitcoin um ativo similar ao ouro para reserva de valor. Por outro lado, ele disse ser difícil avaliar se o preço atual dessas moedas está adequado. "Não sei avaliar o valor delas. Achei que estava caro há três anos. Melhor cada um se aprofundar no tema como achar melhor."
Furio considerou que o custo para viabilizar um pagamento com a moeda é alto, o que tira seu atrativo para uso cotidiano.
O debate também contou com a participação de Marcos Boschetti, da empresa Neologica. A programação do evento segue durante esta terça (13).