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Julho foi o mês da retomada, dizem executivos

Fonte: Valor Econômico - 24/08/2020 às 11h08
No teste de sobrevivência imposto pela pandemia nos últimos meses, julho parece ter sido aquilo que os economistas chamam de ponto de inflexão, segundo os depoimentos dos executivos de empresas de vários segmentos. Durante as teleconferências com analistas para comentar os resultados do segundo trimestre - marcado por medidas de isolamento que levaram a uma queda brusca na atividade econômica -, os gestores usaram com frequência o mês como exemplo de retomada.
 
O setor de construção foi um dos que vieram com boas notícias. “As vendas de julho foram as melhores do ano”, disse o diretor financeiro da Cyrela, Miguel Mickelberg. Houve expansão tanto nas vendas de lançamentos quanto nas de estoques. Raphael Horn, copresidente da Cyrela, encerrou o encontro dizendo que a covid-19 “foi um susto que durou menos do que achamos que iria durar”.
 
“Julho foi o melhor mês de vendas brutas”, disse o diretor financeiro da Tecnisa, Flávio Vidigal de Capua, numa recuperação que começou a partir de junho. “A demanda pelos nossos produtos foi bastante forte em julho e no começo de agosto”, disse Ricardo Ribeiro, presidente da Direcional. Eduardo Fischer, copresidente da MRV, disse que a inadimplência em junho e julho está praticamente igual aos patamares pré-pandemia.
 
s locadoras de veículos também tiveram sinais promissores. A Unidas falou de uma “robusta recuperação de suas atividades” no fim de maio e junho, que desembocou em um recorde na demanda por terceirização de frotas e de vendas de seminovos em julho. Na teleconferência com analistas, os executivos apresentaram dados de julho, como o aumento de 240% no número de veículos contratados, na comparação com o mesmo período de 2019, um recorde histórico. Em seminovos, houve aumento de 62% na quantidade de veículos vendidos em julho, com avanço de 157% no preço médio.
 
A concorrente Movida percebeu que a retomada veio com hábitos novos do consumidor. A suspensão de atividades causada pela crise sanitária levou a companhia a acelerar projetos de digitalização e serviços. “Vimos que não há necessidade mais de abrir tantas lojas”, disse Renato Franklin, presidente.
 
A aceleração das vendas on-line, além da retomada nas lojas físicas, também ajudou a Arezzo&Co, dona das marcas Arezzo, Schutz, Vans e Anacapri, a recuperar o fôlego após a fase mais crítica da pandemia. Segundo o diretor financeiro, Rafael Sachete, a empresa já fechou julho com uma sobra de caixa de R$ 12 milhões.
 
As vendas em julho e agosto da Restoque, dona da Le Lis Blanc e Dudadlina, estão acima do projetado pelo grupo, depois de uma queda brutal de 80% no trimestre. “Os números parecem indicar uma tendência de aceleração e trazem confiança de uma recuperação mais rápida neste segundo semestre”, disse Livinston Bauermeister, presidente.
 
Na indústria, o alívio é grande. “Ao nosso ver, as principais dificuldades ficaram para trás”, disse o presidente da Ultrapar, Frederico Curado. O grupo trabalha com a perspectiva de reaquecimento da atividade no segundo semestre e consequente recuperação dos resultados da distribuidora de combustíveis Ipiranga, que foi a operação mais afetada pela pela crise.
Na Suzano, todas as linhas de produção operam normalmente. “Temos visto melhora na demanda, depois da queda acentuada em abril, e as vendas domésticas têm crescido”, disse o diretor de papel do grupo, Leonardo Grimaldi.
 
A fundição Tupy enfrentou uma queda de 54% na receita no segundo trimestre, que levou ao pior resultado da história recente. “Abril e maio foram os mais críticos, mas já tivemos recuperação em junho”, segundo Fernando de Rizzo, presidente.
 
Essa atividade renovada está puxando mais energia. A Equatorial já notou um movimento de recuperação em julho. “Já estamos notando retomada das atividades em todas as unidades de distribuição. O pior já passou, estamos em pleno processo de retomada.”
 
A retomada veio acompanhada por uma melhora da inadimplência, segundo Reynaldo Passanezi Filho, diretor-presidente da Cemig, depois de um salto no trimestre. Em julho, a carga de energia foi ligeiramente superior à registrada em igual mês de 2019. (Colaboraram Allan Ravagnani, Chiara Quintão e Ivan Ryngelblum.)
 
 
 
 
 
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