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Itaú, Bradesco e Santander têm lucro 28% maior no 3º trimestre, com reabertura da economia
Santander Brasil, Itaú Unibanco e Bradesco, os três maiores bancos privados do País, viram seu lucro combinado aumentar 28,5% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 17,9 bilhões. Nos balanços dos três, divulgados ao longo da última semana, a retomada das atividades econômicas animou os clientes a voltarem a usar crédito, cartões, abrir contas e a comprar produtos e serviços.
O ritmo de concessão de crédito fez com que as margens financeiras combinadas dos três chegassem a R$ 49,8 bilhões, aumento de 11,6% em um ano. O avanço, assim como nas carteiras de crédito (que subiram 14,5%), foi causado pela maior atividade das pessoas físicas ao longo do trimestre, que impulsionou linhas de crédito e serviços mais rentáveis. Tudo, claro, ligado ao avanço da vacinação contra a covid-19, que derrubou os índices de contaminação e mortes pela doença, e estimulou a reabertura de uma ampla gama de atividades entre julho e setembro e teve melhora no desempenho das seguradoras dos bancos. Na Bradesco Seguros, o lucro cresceu 135% no trimestre.
"A recuperação da economia com o arrefecimento da pandemia trouxe de volta a demanda do cliente para novos negócios, investimentos e serviços", disse, em nota, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Jr. Segundo ele, os volumes operacionais de vários negócios do banco chegaram inclusive a patamares superiores aos registrados antes da crise. O lucro do Bradesco no trimestre, de R$ 6,767 bilhões, foi o segundo maior da história do banco.
Uma parte desse efeito se deu em razão das operações que ficaram represadas ao longo dos últimos 18 meses, durante a pandemia. Com menos gastos, as famílias brasileiras constituíram uma poupança que, agora, estão prontas para gastar - em muitos casos, através de produtos dos bancos, como os cartões de crédito.
"Essa poupança vai sendo consumida, mas ainda tem um consumo de um público mais afluente, de viagens, restaurantes etc. Olhando a carteira como um todo, tenho a sensação de que tem um consumo represado, mas que ele tende a arrefecer", afirmou o presidente do Itaú, Milton Maluhy, ao comentar as perspectivas para o crédito à frente.
Os dados de cartões de crédito demonstram o maior impulso do consumidor e seu impacto no balanço dos bancos. Em diferentes pontos, os três maiores bancos privados do País tiveram recordes para mostrar nesse segmento. No Santander, por exemplo, o total de clientes dos cartões atingiu o maior patamar da história do banco. No Itaú, as emissões de novos cartões, de 4,7 milhões, foram recorde. No Bradesco, o pico histórico foi no volume de transações: R$ 60 bilhões.
Deterioração
O cenário que se desenha para 2022, entretanto, ainda é de mais dúvidas do que certezas para os grandes bancos. A maior parte dos departamentos econômicos cortou suas estimativas para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no ano que vem e elevou a dos juros, diante da combinação de desorganização das contas públicas, inflação alta e aumento da taxa básica de juros. Essas projeções, e um efeito da base alta de comparação neste ano devem produzir uma desaceleração no ano que vem.
"Vamos fechar o terceiro trimestre muito acima de 20% de crescimento na pessoa física, e esse crescimento deve desacelerar em 2022, é natural", disse, na semana passada, o CEO do Santander Brasil, Sérgio Rial. Ele afirmou que o ideal seria que questões relacionadas ao fator fiscal fossem solucionadas, o que evitaria um aumento maior dos juros e, consequentemente, uma maior desaceleração da atividade.
Apesar das dúvidas, os três grandes bancos gastaram menos com provisões contra a inadimplência neste ano que no mesmo intervalo de 2020. As despesas brutas com provisões dos três, juntas, foram 6,4% menores que no mesmo intervalo do ano passado. Em relação ao segundo trimestre, porém, à exceção do Bradesco, os bancões elevaram a constituição de reservas, já se antecipando a um cenário mais desafiador.
Por enquanto, tanto as instituições quanto os analistas de mercado enxergam no movimento uma normalização. Mas concordam que 2022 pode ser um ano de piora na qualidade dos ativos.