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Guedes diz que fica no governo e teto será mantido

Fonte: Valor Econômico - 18/08/2020 às 02h08
O ministro da Economia, Paulo Guedes, sinalizou ontem que ficará no governo e disse não ter motivos para desconfiar de um eventual descumprimento da promessa feita pelo presidente Jair Bolsonaro de que manterá o teto de gastos públicos. Ele acrescentou que, para viabilizar a realização de obras, está sendo avaliado o remanejamento de recursos remanescentes de medidas provisórias (MPs).
 
“Existe muita confiança do presidente em mim e minha no presidente. Não tive nenhum ato que indicasse que eu não deva confiar no presidente. Da mesma forma, eu não faltei em nenhum momento em que ele não possa confiar em mim”, disse Guedes em frente à sede da pasta. Questionado se está à vontade governo, respondeu: “À vontade neste cargo eu acho difícil você encontrar alguém que vai estar sempre à vontade. É um cargo difícil”.
 
No entanto, afirmou que recebeu o apoio de Bolsonaro nos episódios mais críticos. “Nos momentos decisivos, já aconteceram duas ou três vezes, em que o presidente me apoiou. Em momentos decisivos ele me apoiou. Aconteceu agora, há dois meses, quando houve aquele veto. Não poderíamos deixar o dinheiro da crise da saúde virar aumento de salários.”
 
A entrevista ocorreu após o ministro se reunir com Bolsonaro e de um encontro com o relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Pacto Federativo, o senador Márcio Bittar (MDB-AC). Segundo Guedes, o projeto é um dos caminhos para abrir espaço no Orçamento para mais investimentos em obras. Bittar também é o relator do Orçamento de 2021.
 
Guedes disse que a equipe econômica estuda o que poderá ser remanejado de recursos orçamentários para que se possa fazer mais investimentos. Ele disse ver com naturalidade que alguns ministros pressionem por mais gastos, mas destacou que é seu dever alertar o presidente de que é preciso ter responsabilidade fiscal e cumprir o teto de gasto. “É natural que ministros digam que se gastou R$ 700 bilhões pode gastar R$ 720 bilhões”, afirmou. “Também é natural que eu alerte que não podemos furar o teto.”
 
Segundo Guedes, durante a reunião da semana passada com os presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), havia o entendimento de que se poderia remanejar recursos que sobraram de duas MPs em torno de R$ 15 bilhões de recursos que foram repassados a Estados e municípios mas que não foram utilizados. Essa conversa começou quando presidentes da Câmara e do Senado admitiram que havia sobra de recursos. “Há um pedaço que pode e outro que não pode.”
 
Segundo apurou o Valor, no encontro com Bolsonaro, Guedes apostou no apelo popular do auxílio emergencial para tentar convencer o presidente a reforçar o compromisso com o teto de gastos. Além de recorrer a um tom didático, o ministro teria explicado que “não há espaço fiscal para tudo”.
 
De acordo com fontes, ao sugerir que Bolsonaro terá que escolher as prioridades, Guedes acredita que vencerá a disputa sobre o teto. Em conversas reservadas, o ministro teria afirmado que, embora o presidente esteja satisfeito com a agenda de viagens para inaugurar obras - o que tem potencial para torná-lo mais competitivo na disputa presidencial de 2022 -, ele sabe que foi o pagamento do auxílio emergencial que garantiu o aumento da sua aprovação.
 
Guedes frisou que existem formas de aumentar o investimento público, destacando que ele cai a cada ano porque as despesas obrigatórias estão subindo. Nesse cenário, ele destacou que o governo mudou o regime fiscal, que começou a trabalhar com juros mais baixos. Além disso, está convidando a iniciativa privada para a realização dos investimentos.  “Se fizermos o Pacto Federativo, o chão não sobe e liberamos espaço [para gastos em investimentos].”
 
 
 
 
 
 
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