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Guedes cogita volta do auxílio emergencial, mas quer atrelar medida a teto de gastos
O ministro da Economia, Paulo Guedes, atrelou a volta do auxílio emergencial aos mais vulneráveis, concedido no ano passado, ao fim do que chamou de “aumento automático” para educação, segurança e salários de funcionários públicos.
Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, nesta terça-feira, Guedes afirmou ainda que, “caso o pior aconteça”, o governo sabe o que fazer.
“Não pode ficar gritando guerra toda hora. Nós temos de ter muito cuidado. Quer criar o auxílio emergencial de novo, tem de ter muito cuidado, pensar bastante. Porque se fizer isso não pode ter aumento automático de verbas para educação, para segurança pública, porque a prioridade passou a ser absoluta [para o auxílio]”, disse Guedes, durante evento virtual com investidores internacionais.
No mesmo evento, Bolsonaro também defendeu a manutenção do teto de gastos e voltou a indicar que não prorrogará o auxílio emergencial. Na véspera, o presidente disse que o benefício não era “duradouro” nem “vitalício” e que não deveria ser visto como aposentadoria.
Em 2020, para fazer frente aos gastos com a pandemia, o Congresso aprovou o Estado de Calamidade Pública e o Orçamento de Guerra, que permitiram conceder o auxílio emergencial de 600 reais e depois prorrogá-lo por 300 reais até dezembro. Essas medidas se encerraram em dezembro.
“Pega os episódios de guerra aí e vê se teve aumento de salário durante a guerra, vê se teve dinheiro para saúde, educação. Não tem. Aqui é a mesma coisa. Se apertar o botão ali, vai ter de travar o resto todo”, afirmou Guedes.
Essa não é a primeira vez que o ministro ou integrantes de sua equipe sugerem cortar gastos para ampliar o gasto com programas sociais. No ano passado, durante as negociações para a criação do chamado Renda Brasil, o secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues, concedeu entrevistas nas quais defendeu congelar aposentadorias para criar o benefício sem desrespeitar regras fiscais.
A ideia, no entanto, foi vetada por Bolsonaro, que ameaçou dar um “cartão vermelho” ao autor da ideia. Waldery permaneceu no cargo, e Guedes continuou a defender a chamada desindexação de despesas — ou seja, a suspensão da obrigação constitucional de reajustar de acordo com a inflação determinados gastos, como o salário-mínimo e benefícios previdenciários.
As declarações de Guedes sobre o auxílio ocorrem a menos de uma semana das eleições para as presidências da Câmara e do Senado. Nos últimos dias, candidatos apoiados pelo governo na disputa defenderam a prorrogação do auxílio emergencial.