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Fim do auxílio põe em dúvida o ritmo de retomada do PIB Este trecho é parte de conteúdo que pode ser compartilhado útil
Em grande parte chancelada pelas medidas de suporte à renda do governo, a surpresa positiva com os últimos indicadores de atividade levantou o debate sobre o que pode acontecer não só com as contas públicas, mas também com o desempenho da economia, a depender da extensão ou não do auxílio emergencial. Economistas avaliam que o fim do benefício, pago a 66,2 milhões de brasileiros, seria o principal risco à continuidade da reação econômica no curto prazo.
Na sexta, o ABC passou a prever recuo 0,7 ponto menor para o PIB brasileiro em 2020. “Os dados correntes sugerem que o impacto deste auxílio é relevante. Ele está sustentando os níveis de vendas varejistas em supermercados, farmácias e material de construção”, aponta o economista Daniel Xavier. Já nos serviços, a maior influência positiva seria sobre as atividades de reparação, manutenção e consertos.
Leal observa que mesmo a indústria tem se recuperado com mais intensidade do que o previsto, o que também estaria ligado à ajuda emergencial do governo, que elevou o consumo de bens. “Na China, por exemplo, a diferença entre o desempenho da indústria e do comércio é muito maior do que aqui, o que relaciono ao ‘coronavoucher’. Ele foi uma injeção de consumo na veia.”
Por isso, preocupa a chance de que o benefício seja extinto, diz o economista-chefe do ABC, destacando que os cenários calculam apenas o impacto direto do ‘coronavoucher’ sobre o PIB. Haveria, ainda, um efeito negativo indireto, já que muitas pessoas não estão procurando emprego porque recebem a ajuda governamental. Caso elas voltassem a buscar uma vaga assim que perdessem a fonte de renda, o desemprego subiria rapidamente. Isso porque o IBGE só considera desempregados aqueles que estão procurando se recolocar.