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Ficou mais barato virar sócio do Nubank. Mas será que vale a pena investir no IPO mais badalado do ano?

Fonte: Seu Dinheiro - 03/12/2021 às 04h12

Depois de muito suspense, o Nubank finalmente vai abrir capital e fazer a sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). O banco digital do cartão roxo listará suas ações na Bolsa de Valores de Nova York, a NYSE, e simultaneamente lançará BDRs (Brazil Depositary Receipts) na B3.

Os BDRs são recibos de ações negociadas em bolsas estrangeiras, que podem ser comprados e vendidos na bolsa brasileira. Como eles representam essas ações, a oferta de BDRs permitirá aos brasileiros participar do IPO do Nubank sem a necessidade de abrir conta numa corretora no exterior. É como investir em ações negociadas aqui.

Com a oferta, o Nubank espera captar entre US$ 2,3 bilhões e US$ 3,4 bilhões, o equivalente a cerca de R$ 13 bilhões a R$ 18,9 bilhões, considerando a cotação do dólar utilizada no prospecto da oferta. Se bem-sucedido, chegará ao mercado valendo em torno de US$ 40 bilhões.

O valor é inferior ao almejado inicialmente pela fintech, que pretendia ir a mercado avaliada em cerca de US$ 50 bilhões. Mas ontem (30), o Nubank anunciou que reduziria a faixa indicativa de preço em 20%, o que também derrubou o valuation pretendido.

Ainda assim, a cifra impressiona. Afinal, se o Nubank puder ser avaliado em US$ 40 bilhões, isso significa que ele vale mais do que o Itaú, o maior banco da América Latina, cujo valor de mercado está na faixa dos US$ 30 bilhões.

Parece uma loucura para uma instituição financeira que não tem nem uma década de vida, que atuou com um único produto em toda a primeira metade da sua existência e cuja carteira de crédito corresponde a apenas uma fração das carteiras dos maiores bancos brasileiros.

Mas o Nubank aposta na sua capacidade de crescer rápido nos próximos para justificar esse valuation.

Inclusive, na sua última rodada de investimentos privados, em junho deste ano, o banco digital já foi avaliado em algo em torno de US$ 30 bilhões - e na ocasião, recebeu um aporte de US$ 500 milhões de ninguém menos que o megainvestidor Warren Buffett, por meio da sua Berkshire Hathaway.

Bem, se o Oráculo de Omaha viu alguma coisa no roxinho, quem somos nós mortais para duvidar, certo? Ainda assim, o preço pedido não parece um pouco salgado? Vale a pena, para o investidor pessoa física, entrar nesse IPO?

A seguir eu apresento, resumidamente, tudo o que você precisa saber sobre o IPO do Nubank e tento responder a essas perguntas, com base em conversas que eu tive com gestores e analistas que avaliaram a oferta.

Quem é o Nubank?

O Nubank é hoje um dos maiores bancos digitais da América Latina, com cerca de 3 mil funcionários e mais de 48 milhões de clientes no Brasil, no México e na Colômbia.

Seus clientes, hoje, são em sua maioria jovens (abaixo de 35 anos) de baixa ou média renda (classes C, D e E), um público historicamente mal atendido pelos bancos tradicionais ou simplesmente desbancarizado.

Ao mesmo tempo, o Nubank conseguiu oferecer um serviço de alta qualidade a essa população, obtendo o maior nível de satisfação do usuário em comparação aos bancões e a outros bancos digitais.

Fundado em 2013 por David Vélez, Cristina Junqueira e Edward Wible, o Nubank nasceu com o objetivo de oferecer serviços financeiros de forma mais simples, eficiente, com menos taxas e 100% digital, já com uma visão de potencialmente causar uma disrupção nesse mercado.

A fintech começou oferecendo um único produto: um cartão de crédito sem tarifas ou anuidade, que podia ser solicitado e gerido pelo usuário totalmente online, via aplicativo.

No app, era possível visualizar o limite, aumentá-lo ou diminuí-lo, acompanhar a fatura antes que ela fechasse, bloquear o cartão e se comunicar com o Nubank para resolver qualquer problema.

Desde o início, o banco digital investiu na experiência digital do usuário e em uma comunicação “descolada”, que aproximasse o público da marca, seguindo uma visão de transformar os clientes em fãs.

A forte presença do “roxinho” nas redes sociais e o marketing boca a boca foram, aliás, fundamentais na construção da marca e no crescimento da base de clientes da empresa.

Foi apenas em 2017 que o banco começou a oferecer outros produtos, como:
 

  • NuConta, conta de pagamentos digital remunerada, que rende 100% do CDI e permite ao usuário efetuar, gratuitamente, depósitos, pagamentos e transferências para qualquer instituição financeira;
  • Cartão de débito, função liberada nos mesmos cartões usados na função crédito;
  • Empréstimo pessoal, liberado em 2019 e com simulação em tempo real dentro do app, que o Nubank oferece consumindo seu próprio capital;
  • NuConta PJ, versão empresarial da NuConta, focada em micro, pequenas e médias empresas, e que já atingiu 1,1 milhão de clientes;
  • NuInvest, plataforma de investimentos resultante da aquisição da corretora Easynvest em 2020, então com 1,5 milhão de clientes, que oferece produtos de renda fixa e variável com corretagem zero.


Além disso, o Nubank fecha parcerias com outras empresas para oferecer produtos de áreas nas quais não atua, como seguros de vida (parceria com a seguradora Chubb), remessas internacionais (parceria com o Remessa Online) e linhas de crédito com garantia, como financiamentos imobiliário e de veículos (parceria com a Creditas).

Recentemente, lançou também o seu marketplace, possibilitando aos clientes comprar, dentro do app, produtos de lojas online como Dafiti, Magazine Luiza e AliExpress.

Crescimento assombroso
Ao longo dos anos, o Nubank não deixou dúvidas que tem a capacidade de crescer rapidamente e de fazer uma boa execução da sua estratégia.

Seu número de clientes aumentou exponencialmente de 2018 para cá, passando de 3,7 milhões para 48,1 milhões, um crescimento médio de 110% ao ano.

A receita líquida apresentou uma taxa de crescimento anual composta de 78% no período, saltando de R$ 1,2 bilhão em 2018 para R$ 5,7 bilhões nos nove primeiros meses de 2021; e a carteira de crédito (recebíveis de cartão de crédito e empréstimos pessoais) viu um crescimento anual médio de 126%, saindo de R$ 822 milhões em 2018 para R$ 7,7 bilhões em setembro deste ano.

Mas, como é comum entre empresas de tecnologia nos seus primeiros anos (mesmo fintechs), o Nubank ainda não dá lucro. Apesar de já ter havido lucro pontualmente, a estimativa para 2021 ainda é de prejuízo, assim como ocorreu em anos anteriores.

Além da intensidade do seu crescimento, outra característica do Nubank que chama atenção positivamente é a sua baixa inadimplência.

O banco atua oferecendo cartão de crédito e empréstimo pessoal, duas linhas sem garantias e, portanto, mais arriscadas; para um público jovem e das faixas mais baixas de renda, isto é, também mais arriscado.

Não obstante, a taxa de inadimplência do Nubank tem ficado consistentemente abaixo da média do sistema financeiro nacional. O banco conta com um sistema proprietário de concessão de crédito e análise de risco, que tem sido muito eficiente em fazer esse controle.

Por que o Nubank está fazendo IPO?

Segundo o prospecto da sua oferta inicial, o Nubank pretende utilizar os recursos captados para quatro objetivos principais, destinando 25% do valor obtido para cada um:
 

  • Capital de giro;
  • Despesas operacionais;
  • Despesas de capital;
  • Novos investimentos e aquisições de negócios, produtos, serviços e tecnologias.


Mas aonde o banco pretende chegar exatamente, nos próximos anos? Bem, o que não falta é potencial para crescer.

Segundo o próprio Nubank, o mercado de serviços financeiros da América Latina abarca 650 milhões de pessoas e totalizará US$ 1 trilhão em 2021.

Nos seus mercados de atuação, a população desbancarizada, um dos seus públicos-alvos, ainda é muito elevada, chegando a 30% no Brasil e cerca de 60% no México e na Colômbia.

Quando se trata de cartão de crédito, é menos gente ainda que tem acesso. Atualmente, 61% dos brasileiros não têm cartão de crédito, e esse percentual chega a quase 90% da população no México e na Colômbia.

Até junho deste ano, mais de 5 milhões de pessoas tinham aberto a sua primeira conta bancária ou feito seu primeiro cartão de crédito justamente no Nubank.

Mas além de aumentar a base de clientes, o Nubank pretende também lançar novos produtos para monetizar essa base e aumentar a receita, mantendo os custos baixos.

O fato de ser um banco digital, aliás, faz com que o Nubank tenha uma estrutura de custos muito mais leve que a dos grandes bancos, colocando-o em grande vantagem.

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