Clipping
Fenabrave culpa ICMS maior por queda de vendas
Depois de oito meses consecutivos de crescimento em relação ao mês anterior, a venda de veículos novos no país voltou a cair em janeiro. Com 171,1 mil unidades, o volume de licenciamento no mês passado foi 29,85% menor do que em dezembro.
Janeiro costuma ser um mês mais fraco nas vendas desse setor. Mas a comparação com janeiro do ano passado, que aponta para queda de 11,53%, mostra que o mercado de veículos continua a sofrer os efeitos da pandemia.
Alarico Assumpção Junior, presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave), entidade que reúne as concessionárias, aponta vários motivos para a retração nas vendas de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus
O “mais grave”, segundo ele, é a elevação do Imposto sobre Mercadorias e Serviços (ICMS) em São Paulo. A alíquota do tributo para veículos novos foi de 12% para 13,3% na segunda quinzena do mês. Mas, disse o dirigente, já teve efeitos nas vendas dado o peso do mercado paulista. Segundo ele, São Paulo representa 29% da venda do país.
O presidente da Fenabrave considera a medida uma “majoração imoral” e a entidade decidiu questionar a alta do tributo na Justiça, incluindo o aumento de 1,8% para 5,52% na alíquota do ICMS na venda de carros usados.
A Secretaria da Fazenda e Planejamento reagiu às declarações do dirigente. “Dados da própria Fenabrave desmentem o presidente da federação”, destacou, por meio de nota. Incluindo os emplacamentos de motocicletas e implementos rodoviários, a secretaria destacou que enquanto no Brasil o volume caiu 24,52% em janeiro em relação a dezembro, em São Paulo a queda foi de 23,66%. Em relação há um ano a comparação também indica quedas menores.
“A pandemia teve efeitos sobre todos os segmentos econômicos”, completa a nota, ao acrescentar que uma quinzena teria sido tempo insuficiente para medir o reflexos da alta do imposto.
Além da polêmica em torno do imposto paulista, Assumpção Junior disse que a queda nas vendas também reflete a falta de componentes nas fábricas. Além disso, destaca, a segunda onda da pandemia levou à necessidade de restringir o horário de funcionamento do comércio em várias cidades.
A retração na demanda no primeiro mês do ano foi sentida também entre importadores de veículos. Segundo a Abeifa, entidade que representa o setor, em janeiro foram importadas, pelas marcas que não têm fábricas no país, 2,1 mil unidades, queda de 16,5% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Na comparação com dezembro, o volume foi equivalente a uma queda de 17%.
Para Assumpção Junior, da Fenabrave, os resultados de janeiro poderão alterar as projeções para 2021. No início do mês passado, a entidade previu alta de 16% nos licenciamentos do ano.