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Empréstimo bancário supera R$ 500 bilhões em 2020 e tem maior alta em 30 anos
O volume total do crédito ofertado pelos bancos cresceu 15,5% no ano passado, atingindo a marca inédita de R$ 4,017 trilhões, segundo números divulgados nesta quinta-feira (28) pelo Banco Central.
No fim de 2019, o estoque do crédito em mercado estava em R$ 3,478 trilhões. O crescimento registrado, portanto, foi de R$ 539,369 bilhões em 2020, o maior aumento desde o início da série histórica do BC, em 1991.
O aumento no crédito bancário no ano passado está relacionado às medidas adotadas pelo Banco Central para liberar às instituições financeiras mais recursos destinados a empréstimos em meio à pandemia do novo coronavírus (leia mais abaixo).
Em termos percentuais, ainda segundo números do BC, a alta de 15,5% foi a maior, para o crédito bancário em um ano fechado, desde 2012, ou seja, em oito anos. Naquele ano, o volume total do crédito bancário avançou 16,44%, para R$ 2,368 trilhões, uma alta de R$ 334,384 bilhões.
Medidas
No ano passado, o Banco Central anunciou a liberação de mais de R$ 1,2 trilhão para as instituições financeiras em março e, mais recentemente, novas ações foram divulgadas.
Ao mesmo tempo, o governo, em conjunto com o Banco Central, anunciou linhas de crédito emergenciais para as empresas. Porém, a liberação dos recursos só começou a ganhar velocidade no último semestre do ano passado. Entre as medidas anunciadas estão:
1. linha de crédito para pequenas e médias empresas pagarem salários de seus funcionários. Foram R$ 40 bilhões, disponibilizados com juros baixos, de 3,75% ao ano. Foram contratados pelas empresas R$ 4,5 bilhões no ano passado;
2. Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), para capital de giro (despesas como água, luz, aluguel, reposição de estoque, entre outras). Foram emprestados mais de R$ 37 bilhões no ano passado;
3. Programa Emergencial de Acesso a Crédito (PEAC-FGI), destinado a pequenas e médias empresas, buscava facilitar o acesso a crédito por meio da disponibilização de garantias. Foram emprestados, em 2020, R$ 92 bilhões;
4. Programa Emergencial de Acesso ao Crédito (Peac), na modalidade de garantia de recebíveis, chamada de Peac-Maquininhas, liberou R$ 3,17 bilhões em crédito no ano passado;
5. Linha de crédito emergencial, de até R$ 120 bilhões, com ao menos 80% dos recursos do Programa de Capital de Giro para Preservação de Empresas (CGPE) direcionados a pequenas empresas. Foram emprestados R$ 14,4 bilhões por meio dessa linha de crédito.
Falta de crédito para pequenas empresas
Apesar do aumento do crédito bancário no ano passado, envolvendo linhas emergenciais para as pequenas e médias empresas, o analista de Capitalização e Serviços Financeiros do Sebrae, Giovanni Beviláqua, avaliou que ainda existe dificuldade de acesso pelos pequenos negócios.
De acordo com o Sebrae, houve um aumento de cerca de 30% no crédito bancário para as micro e pequenas empresas, com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões, nos dez primeiros meses do ano passado. Mesmo assim, a participação dessas empresas no total do crédito bancário pouco aumentou, permanecendo próxima de 20%.
"Desde o início da pandemia, 52% dos pequenos negócios buscaram obter crédito. Desses que buscaram, quem conseguiu foi cerca de 34%. Apesar de ter melhorado bastante a taxa de aprovação de crédito, o mercado continua muito restrito. Nossa preocupação é que os programas se mantenham durante a pandemia, que não acabou", disse o analista do Sebrae.
Ele defendeu a manutenção do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e do PEAC Maquininhas, voltados para as empresas de menor porte.
Veja números do crédito bancários em 2020
O crédito a empresas atingiu R$ 1,8 trilhão, alta anual de 21,8%, contra uma retração de 0,1% em 2019;
O crédito às famílias situou-se em R$ 2,2 trilhões, crescimento de 10,9% na comparação com uma alta de de 11,9% em 2019;
A carteira de crédito a micro, pequenas e médias empresas cresceu 31,6% em 2020, contra uma alta de 6,7% em 2019.
Nas grandes empresas, o volume total de empréstimos dos bancos aumentou 16% no ano passado, na comparação com uma queda de 3,7% em 2019.