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Em dois anos, bancos e construtoras perderam R$ 196 bilhões em valor de mercado
Enquanto nosso mercado de ações parece ter se recuperado do tombo da pandemia, os bancos e as construtoras valem R$ 196 bilhões a menos hoje do que há dois anos, em valor de mercado.
Claro que de setembro de 2019 para cá houve uma pandemia de coronavírus, um estremecimento da economia global e as bolsas de valores de todo o mundo beijaram a lona. É por isso que não convém comparar com mesmo período de 2020.
A questão aqui é que quando levamos em consideração todas as empresas da Bolsa brasileira, o valor de mercado hoje é R$ 854 bilhões maior do que há exatos dois anos.
Caso você esteja se perguntando, valor de mercado é o resultado do número de ações de uma empresa multiplicado pelo preço dos papéis. Não seria o preço da empresa caso ela fosse incorporada, nem tem a ver com seu lucro no período, mas mostra quanto ela vale “aos olhos do mercado”, de acordo com as expectativas dos investidores.
Na verdade, só o valor de mercado dos setores imobiliário e financeiro é que caiu, quando comparamos as companhias que compõem os 21 diferentes índices setoriais e amplos usados na Bolsa, como o Ibovespa, que reúne as principais empresas do mercado, o Índice Small Caps, com as de menor capitalização, o IEE, das empresas de energia elétrica.
Os números foram levantados pela Economatica, que vende dados de mercado, e mostram, além de disparidades entre setores, a evolução do nosso mercado bursátil. O valor de mercado de todas as empresas da B3 em setembro de 2012 era de R$ 2,28 trilhões. Hoje, a soma chega a R$ 4,94 trilhões, o que representa crescimento de 116,6% em nove anos.
Mas voltemos ao título: o que significa R$ 196 bilhões a menos no caso dos bancos e das construtoras?
Primeiro, é melhor separar as coisas: os bancos perderam R$ 192 bilhões. O valor de mercado reunido no índice das instituições financeiras, que era de R$ 1,336 trilhão em setembro de 2019, foi para 980 bilhões em 2020 e, agora, chegou a 1,144 trilhão. Percentualmente, é uma queda de 14,3% em dois anos.
Já o valor das empresas que atuam no setor imobiliário (construtoras e incorporadoras que compõem o índice apelidado de Imob) foi de R$ 87 bilhões para R$ 80 bilhões e, agora, atingiu R$ 83 bilhões. Para elas, a queda foi de quase 4,5% no período.
Depois, é bom olhar o que acontece com esses dois setores que deixa o mercado mais pessimista com eles agora do que antes da pandemia. No caso dos imóveis, apesar do aquecimento da construção durante a pandemia, o aumento da taxa de juros dificulta o acesso ao crédito e, com isso, a tomada de decisão de comprar um imóvel.
No caso dos bancos, incertezas sobre o que entra e o que sai de uma reforma tributária aos pedaços, usada como moeda de troca, e a cauda longa do efeito deletério do desemprego na pandemia reduz seu potencial de ganhar mercado. Ainda que o aumento das taxas de juros aumente o spread, é preciso que as pessoas queiram tomar crédito para cobrar por isso.
E o terceiro ponto que precisa ser destacado é que o filtro por índices dá apenas uma visão geral e, peneirando, é possível ver onde o mercado enxerga disparidades no preço atual e no valor projetado para aquela empresa.
No caso do Bradesco, por exemplo, seus papéis BBDC4 hoje são vendidos a R$ 20,70. Para o Banco BTG Pactual, têm potencial de atingir R$ 34. Para a XP, chegam a R$ 26. Já as ações da construtora Cyrela (CYRE3), hoje negociadas a R$ 19,40, podem atingir R$ 37 segundo a análise do BTG e R$ 33, de acordo com a XP. Isso, claro, desde que o cenário se desenvolva como previsto pelas áreas de análise das duas instituições.
Indo, como se diz, do macro para o micro, é mais fácil enxergar onde estão as possíveis oportunidades que casem com seus interesses.