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Easynvest compra Vérios e tem meta de dobrar número de clientes em um ano
A plataforma Easynvest anuncia nesta quarta-feira a compra da Vérios, gestora de investimentos via robôs, e quer aproveitar sua expansão e o crescimento de todo o mercado financeiro para, no mínimo, dobrar o número de clientes em cerca de um ano. Hoje 1,6 milhão de pessoas investem por meio da Easynvest.
Vale lembrar que a Easynvest teve a compra pelo Nubank anunciada em 11 de setembro do ano passado. Em 27 de outubro, o negócio foi aprovado, sem restrições, pela Superintendência-Geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Além do Cade, o negócio ainda precisa da aprovação do Banco Central. Se aprovado, o negócio da Vérios também irá para debaixo do "guarda-chuva" do Nubank.
As empresas não revelam o valor da negociação, mas a Vérios irá adicionar R$ 400 milhões sob sua gestão aos quase R$ 25 bilhões em ativos sob custódia da Easynvest atualmente. O "casamento" entre as empresas aconteceu após uma parceria bem sucedida iniciada em agosto de 2020, em que os clientes da Vérios passaram a usar os serviços de corretora da Easynvest.
"Foi um processo natural", diz Fernando Miranda, presidente da Easynvest, que explica que esse movimento de compra de gestoras que usam robô advisors (como são conhecidos o uso de algoritmos para personalizar carteiras de investimentos) por parte de plataformas digitais tem se tornado comum no exterior.
Felipe Sotto-Maior, presidente da Vérios, conta que já tinha o intuito de oferecer os serviços de uma corretora de forma direta aos seus clientes. "Um caminho seria montar ou adquirir uma corretora, ou se juntar a alguém que estivesse fazendo bom trabalho. A dinâmica com a Easynvest funcionou super bem", diz.
Com a aquisição pela Easynvest, os clientes da Vérios passam a ter acesso aos mais de 400 produtos financeiros oferecidos pela plataforma, que incluem cerca de 140 fundos de investimentos. As carteiras da Vérios, formadas por algoritmos e divididas em 7 níveis de risco/retorno seguem à disposição dos clientes da Easynvest, além do serviço de comparador de fundos, com dados de 17 mil produtos e que pode ser acessado por qualquer pessoa. "Essas carteiras têm uma gestão relativamente simples, mais focadas em eficiência do que em 'chute' de para onde o mercado vai", explica Sotto-Maior, que passará a ser gestor da Vérios com a compra da empresa pela Easynvest.
A Easynvest, que têm 480 funcionários, sendo quase 60% da área de tecnologia, deve absorver os 15 colaboradores da Vérios. Segundo Miranda, esses profissionais são necessários para dar base ao crescimento pretendido pela Easynvest e novas contratações ainda devem acontecer. "O desafio é achar profissionais da magnitude que precisamos", diz.
Curadoria e mercado em expansão
Com conteúdos de educação financeira aos montes na internet e a mobilização dos investidores em busca de mais rentabilidade em cenário de juros baixos, o mercado financeiro como um todo tende a crescer. E a Easynvest não pretende "dormir na praia".
O número de contas de pessoas físicas na B3, a bolsa brasileira, saltou 94% em 2020 e alcançou 3,2 milhões de investidores. "De fato é um crescimento exponencial, mas são 2% da população. Quando você olha para outros países chega a 54% da população. No México e no Chile essa parcela é de 10% a 15%", pondera o presidente da Easynvest.
A plataforma beliscou uma parte desse mercado e viu seu número de clientes crescer 46% no ano passado, depois de ter dobrado em 2019. Com a avaliação de que o mercado brasileiro de renda variável tem espaço para crescer bem mais, o executivo aposta na curadoria de produtos financeiros no mar de informações existentes para ajudar a companhia a crescer.
"Vejo a bolsa chegar a 10 milhões de investidores nos próximos três anos. Estamos no começo dessa jornada", diz Miranda. Além dos milhões de investidores que estão para chegar, as plataformas digitais ainda disputam a atenção com os grandes bancos, onde ainda estão 90% do dinheiro dos investidores, segundo Miranda.
"Claro que as corretoras acabam competindo entre si. Quando a pessoa vai sair do banco ela decide pela corretora a, b ou c. Mas ainda temos R$ 800 bilhões em fundos de previdência em que a maioria cobra taxa de administração altíssima e rende menos que o CDI. É muito dinheiro jogado fora", diz o presidente da Easynvest, lembrando ainda da bolada de US$ 1 trilhão que está parada nas cadernetas de poupança.