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Dólar alterna estabilidade e queda contra real após ata do Copom; fiscal e Fed seguem no radar

Fonte: Uol - 10/08/2021 às 12h08
 
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar oscilava sem direção clara frente ao real nesta terça-feira, alternando estabilidade e queda, com os participantes do mercado reagindo à ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e monitorando com cautela as perspectivas políticas e fiscais domésticas.
 
Enquanto isso, após dados de emprego norte-americanos fortes, as expectativas de redução de estímulos pelo Federal Reserve também ficavam no radar.
 
Às 10:25, o dólar recuava 0,26%, a 5,2322 reais na venda, depois de oscilar entre 5,2192 na mínima e 5,2640 reais na máxima do pregão. Na B3, o dólar futuro tinha queda de 0,22%, a 5,238 reais.
 
A ata da Copom, divulgada mais cedo, indicou que apertos seguidos e sem interrupção nos juros básicos são necessários para levar a taxa Selic para patamar acima do neutro, para que assim as projeções de inflação fiquem na meta.
 
Dados desta terça-feira mostraram que a inflação oficial brasileira acelerou com força em julho e atingiu o nível mais alto para o mês em quase 20 anos ainda sob intensa pressão dos preços da energia elétrica, levando a taxa acumulada em 12 meses a encostar em 9%.
 
"A ata do Copom reforçou intenção de fazer um ajuste tempestivo da política monetária", disseram em nota analistas do Bradesco, reforçando sua expectativa de que a Selic encerre o ano em 7,00%. 
 
Juros mais altos no Brasil tendem a elevar a atratividade do mercado de renda fixa local, intensificando a entrada de recursos estrangeiros e, consequentemente, elevando a oferta de dólares no país. Desta forma, a tendência é de desvalorização da moeda norte-americana. 
 
Enquanto isso, no front fiscal, o Ministério da Economia afirmou nesta manhã que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, que propõe o pagamento parcelado dessas despesas pela União, implicaria economia de 33,5 bilhões de reais em 2022. 
 
Recentemente, a notícia de que o governo precisaria alterar o pagamento dos precatórios, combinada à pressão do presidente Jair Bolsonaro por aumento do valor do Bolsa Família (agora Auxílio Brasil), abalou a percepção dos investidores sobre o cenário doméstico, levantando dúvidas sobre a capacidade do país de respeitar o teto de gastos, explicou Vanei Nagem, responsável pela mesa de câmbio da Terra Investimentos, acrescentando: "Continua a incerteza." 
 
Além disso, disse ele, os investidores ficavam de olho em Brasília, cautelosos. No dia em que a Câmara dos Deputados deve votar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso, Bolsonaro assistiu pela manhã um desfile de blindados das Forças Armadas na Esplanada dos Ministérios, em um movimento visto por parlamentares como tentativa de demonstrar força e apoio dos militares. 
 
No exterior, o índice do dólar continuava em patamares elevados nesta manhã. Recentemente, sinais de melhora no mercado de trabalho dos Estados Unidos elevaram as apostas de que o Federal Reserve vai reduzir seu programa de compra de títulos. 
 
Na segunda-feira, essas expectativas foram alimentadas por comentários mais "hawkish", ou preocupados com a inflação, de duas autoridades do banco central norte-americano.
 
A reversão de estímulos e eventual elevação de juros nos EUA são vistas por muitos economistas como possível fator de impulso para o dólar, uma vez que elevariam o ingresso de recursos na maior economia do mundo. 
 
O dólar negociado no mercado interbancário fechou o último pregão em alta de 0,22%, a 5,2460 reais na venda. 

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