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Crise afeta repasses de fintech de crédito
Primeira sociedade de empréstimos entre pessoas (SEP) do país, a Nexoos registrou em 2020 menos da metade dos repasses esperados devido à crise econômica decorrente da pandemia. A fintech, que aproxima investidores e tomadores de crédito, intermediou apenas R$ 200 milhões em empréstimos no ano passado. Desde 2016, quando iniciou suas operações, até o final do ano passado, a Nexoos promoveu um total de R$ 460 milhões em crédito. Antes da pandemia, o plano era terminar 2020 na casa de R$ 1 bilhão.
Daniel Gomes, fundador e CEO da Nexoos, disse que a pandemia afetou o planejamento inicial da empresa, que teve que reformular as estratégias para as operações de crédito. A empresa pretendia oferecer conta digital, liquidação de boletos, cartão de crédito, além de novas modalidades de empréstimos. “Ainda mantemos os planos, mas tivemos que atender a demanda das pequenas empresas por liquidez [devido à crise]”, aponta.
A fintech atende pequenas e médias empresas (PMEs), segmento das companhias que faturam a partir de R$ 200 mil por ano. A maioria dos clientes, no entanto, tem receita entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões.
Uma das linhas da Nexoos é a chamada Peer to Peer (P2P), que conecta empreendedores que precisam de crédito a investidores individuais (pessoas físicas). No ano passado, cerca de 60 mil transações foram realizadas nessa modalidade, superando R$ 75 milhões.
Entre as estratégias adotadas, uma delas foi de reforçar o Programa de Crédito Retomada, em parceria com o Sebrae-SP, que repassou outros R$ 13 milhões a empreendedores de todo o Brasil, com taxas de juros “competitivas”. Também houve um enfoque maior no Programa Emergencial de Acesso a Crédito (PEAC).
A empresa desenvolveu ainda produtos específicos, como empréstimos com algum tipo de garantia (como recebíveis). Outra linha desenvolvida foi o CaaS (“credit as a service”), em colaboração com empresas como Partage Empreendimentos. Por meio dessas parcerias, a Nexoos conseguiu levar outros R$ 112 milhões às PMEs.
Gomes destaca que, mesmo com essa reformulação na estratégia, a fintech apresentou um bom desempenho em 2020. Eles não abrem o valor de faturamento, mas o executivo afirmou que houve um crescimento de 30% no ano passado em comparação a 2019, sendo “um dos melhores resultados em toda a história”.
Já a inadimplência fechou 2020 em 10,4%. Gomes explica que, apesar de ter subido em comparação com anos anteriores (média de 8%), os atrasos ficaram controlados. Para evitar uma piora da inadimplência, eles negociaram um aumento no número de parcelas com valores menores. “Nosso diferencial é justamente atender de forma rápida as demandas [das pequenas empresas]”, afirma o presidente da Nexoos.