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Crédito privado volta à estabilidade após perdas com pandemia

Fonte: Valor Econômico - 15/04/2021 às 10h04

Os fundos de crédito privado sofreram com períodos de fortes oscilações nos últimos 18 meses. No último trimestre de 2019, muitos veículos perderam dinheiro em um cenário de reprecificação de títulos de dívida. Nos meses iniciais da pandemia, houve uma corrida por resgates em um cenário de receio dos investidores de uma eventual crise de crédito. De lá para cá, o segmento se estabilizou, com fechamento dos spreads de crédito e o início de um novo ciclo de captações com a alta da Selic.
 
A diversificação do passivo é a aposta do Icatu Vanguarda FIRF C Priv LP, fundo que tem carteira de crédito composta por debêntures e notas promissórias (75%), letras financeiras (16%) e FDICs (9%). Atualmente, são 152 títulos de 93 emissores. O produto exerce o papel de “fundo-caixa”, lastreado em crédito e com liquidez imediata (D+0). “A seleção dos ativos e a gestão ativa de alocação e duration são alguns dos fatores que diferenciaram nossa rentabilidade a despeito da crise”, explica o gestor de portfólio de crédito privado da Icatu Vanguarda, Antonio Corrêa.
 
O patrimônio do fundo cresceu 80% em 12 meses até o fim de março, para R$ 845 milhões, com retorno acumulado de 4,96% - contra 2,23% do CDI - no período. A diversificação da carteira exige diligência na escolha dos ativos, que envolve uma equipe de dez especialistas dedicados a análises de risco de crédito e um comitê de crédito que precisa aprovar por unanimidade todos os ativos adquiridos.
 
O Guide Cash, um fundo de fundos com estratégia conservadora e baixo risco de crédito, aloca em diversas classes de ativos em uma estratégia que mescla títulos high grade (papéis de emissoras de primeira linha), high yeld (títulos mais arriscados) e FDICs. Como ocorreu com praticamente toda a indústria, o fundo sofreu com resgates nos meses iniciais da pandemia, mas retomou a trajetória de captação líquida com a sinalização de trajetória de alta da Selic.
 
“Fizemos um movimento mais conservador no início da pandemia, trazendo mais caixa ao fundo, e depois colocamos mais carrego e crédito e o movimento foi acertado”, diz o gestor da Guide, Rodrigo Fontana. Com patrimônio de R$ 144 milhões ao final de março e retorno de 250% do CDI, o fundo zerou a aplicação mínima para atrair mais investidores.
 
O Valora Absolute tem a carteira composta por títulos high grade (80%) e ativos estruturados, a exemplo de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA). “Essa é a nossa fórmula para fazer com o que o fundo tenha uma rentabilidade um pouco melhor do que a média da indústria em um ano em que os fundos com resgate em até 30 dias saíram machucados”, diz o CEO da Valora Investimentos, Daniel Pegorini.
 
O fundo entregou um retorno de 99,5% do CDI em 2020 e tem como alvo o retorno de CDI + 2,5% no ano. Após perder cerca de 30% do patrimônio no auge da crise da covid-19, o fundo já começou a captar, sobretudo a partir de dezembro, com a percepção dos investidores de que um novo ciclo de alta da Selic estava a caminho.
 
O FDIC TG Real, da TG Core Asset, viu o patrimônio crescer 47,5% nos 12 meses da pandemia, atingindo R$ 118 milhões ao final de março. O fundo dessa gestora especializada em ativos de crédito privado do setor imobiliário compra majoritariamente CRIs (90%) e Cédulas de Crédito Imobiliário (CCIs) de operações de home equity (10%). Os certificados de recebíveis dividem-se em loteamentos (especialmente no cinturão da soja), incorporações residenciais e multipropriedades fracionadas (operação em que um imóvel é fracionado em vendido a vários investidores) em regiões turísticas.

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