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Caixa usará app do auxílio para conceder R$ 10 bi em microcrédito
A Caixa vai usar o aplicativo Caixa Tem, criado para facilitar a distribuição do auxílio emergencial, para conceder microcrédito a cerca de 100 milhões de pessoas físicas. Serão empréstimos de R$ 200, R$ 300, com juros muito baixos. A taxa de 1,09% ao mês cobrada na modalidade saque-aniversário do FGTS pode servir de referência. Essa é a tal “revolução do mercado financeiro” que o presidente do banco, Pedro Guimarães, anunciou na última semana.
A divulgação deve ser feita nos próximos dias, com a presença do presidente Jair Bolsonaro. Mas os empréstimos só começarão a ser liberados depois da última parcela do auxílio emergencial, o que está previsto para outubro. O limite para os financiamentos é avaliado em R$ 3 mil por CPF, e os recursos para a nova linha, estipulados inicialmente em R$ 10 bilhões, com margem para subir a R$ 20 bilhões, com funding no lucro da própria Caixa.
Com essa cartada o governo espera, ao mesmo tempo, atrair apoio num momento de baixa popularidade de Bolsonaro, e sepultar de vez o episódio Febraban (Federação Brasileira de Bancos), que movimentou o mercado durante toda a semana e abriu uma crise da qual ninguém saiu ileso. Depois de iniciar a semana ameaçando deixar a Febraban, Caixa e Banco do Brasil recuaram na sexta-feira, depois que a federação dos bancos divulgou nota declarando que não assinará o manifesto da Fiesp, apesar de reafirmar o apoio à pacificação entre os três Poderes da República.
O app Caixa Tem brindou o banco estatal com perfis de milhares de usuários, que serviram de base para a proposta de criação do microcrédito. Eles se tornaram “clientes” da Caixa compulsoriamente, para ter direito ao auxílio emergencial. No ano passado, o app idealizado para ajudar a população de baixa renda a ter acesso à transferência de recursos do governo federal foi o mais baixado do País, com mais de 300 mil downloads.
Agora, o banco terá de fazer uma campanha para explicar a esses novos “clientes” que o dinheiro que pretende liberar não é mais uma doação para ajudar a transpor as dificuldades que a pandemia de covid-19 trouxe. É um dinheiro que terá de ser devolvido com juros.
Claro que a taxa é baixa e que se trata de um crédito bancário que esses usuários dificilmente conseguiriam. Mas, para muitas pessoas, o aplicativo e o auxílio sacado no caixa eletrônico formaram a sua primeira experiência de “bancarização”. Procurada, a Caixa não concedeu entrevista.