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BTG lucra R$ 1,7 bi com receita recorde
Fonte: Valor Econômico - 11/08/2021 às 10h08
Os resultados do BTG Pactual no segundo trimestre mostram que o banco está bem posicionado para surfar a onda de crescimento e sofisticação do mercado de capitais brasileiro, um processo conhecido como “financial deepening”. A instituição teve lucro recorde e receita histórica em todas as unidades de negócios, impulsionada pelas receitas na estruturação de operações de dívida e ações, além de ter captado quase R$ 100 bilhões em dinheiro novo dos clientes na gestão de ativos e de fortunas.
O BTG teve lucro de R$ 1,719 bilhão no segundo trimestre, alta de 43,6% na comparação com os primeiros três meses do ano e de 74,2% em relação ao segundo trimestre de 2020. A receita total atingiu R$ 3,771 bilhões, avanços de 34,9% e 51,9%, respectivamente.
A área de investment banking teve alta anual de 209% na receita, atingindo R$ 685 milhões, com forte contribuição de todas as linhas de negócio. O banco participou de 66 operações, ante 47 no primeiro trimestre e 22 no segundo trimestre do ano passado.
Além disso, o BTG obteve recorde de captações no segundo trimestre, com R$ 98 bilhões em net new money (NNM), sendo R$ 44 bilhões em asset management, R$ 54 bilhões em wealth management e R$ 10 bilhões em consumer banking. Em gestão de fortunas, houve um impulso de cerca de R$ 12 bilhões oriundos da consolidação da Necton, anunciada em outubro do ano passado e concluída em abril deste ano. O total de recursos de terceiros sob gestão e administração chegou a R$ 880,3 bilhões, aumento de 14,7% no trimestre e de 77,0% em 12 meses.
O CEO do BTG, Roberto Sallouti, afirmou que, mesmo com a expectativa de aumento da taxa de juros, o cenário do mercado de capitais não muda enquanto a Selic ficar em um dígito. “As expectativas de taxas de juros têm subido, mas, enquanto ficar em um dígito, o ‘financial deepening’ não para.” De acordo com o executivo, o que pode mudar é o fluxo dos recursos, com uma parte maior indo para renda fixa, mas a tendência da busca pela diversificação permanece.
Na visão de Sallouti, o que mais preocuparia seria o não cumprimento das regras de responsabilidade fiscal pelo governo federal, algo que não está no cenário base. “Temos muito barulho, mas a responsabilidade fiscal tem sido mantida”, afirmou.
Ele disse que os níveis de captação de dinheiro novo de clientes seguirão elevados, graças a uma série de medidas que o banco adotou nos últimos anos, como investimentos em tecnologia, marketing, aquisições e acordos com novos parceiros. “Somos a asset de grande escala de maior crescimento na América Latina.” Ainda assim, segundo ele, a captação “talvez não consiga bater o que foi no segundo trimestre”.
O diretor-executivo financeiro do BTG, João Dantas, reforçou que o ambiente econômico atual permite uma expectativa de estabilidade, que favorece a continuidade dos resultados positivos do banco. Segundo ele, a captação depende mais de fatores externos, como estabilidade macroeconômica. “Se o Brasil, a América Latina, o mundo como um todo permanece em um ambiente de estabilidade econômica, vai continuar tendo uma demanda muito grande”.
Enquanto isso, o portfólio expandido de crédito alcançou R$ 97,674 bilhões, um crescimento anual de 47,5%. A carteira de pequenas e médias empresas (PME) somou R$ 14,1 bilhões, alta anual de 142%. Hoje essa carteira já representa 16% do portfólio de crédito e deve chegar a 20% em breve.
O BTG também teve forte contribuição de receitas oriundas da área de sales & trading, com avanço de 23% na comparação anual, para R$ 1,255 bilhão, com o menor nível de alocação de risco da sua história (VaR de 0,25%).
Dantas disse que o banco digital para pessoa física, o BTG+, se consolidou como a melhor plataforma para o varejo de alta renda. Segundo ele, este é um resultado de investimentos feitos ao longo do ano. Ele destacou a expansão de ofertas de produtos no período, com cartão de crédito adicional, débito automático e um sistema de gestão de gastos por meio de inteligência artificial. “Estamos agora em fase de teste da conta corrente para PJ, com foco em pequenas e médias empresas”.
Segundo ele, hoje existem quase dez plataformas de investimento e o diferencial do BTG é ser um originador de produtos - inclusive de investimentos alternativos, como private equity ou fundos de investimento em infraestrutura - e ter um bom serviço na distribuição. “Hoje todo mundo tem mais ou menos a mesma oferta de produtos, o que diferencia é o serviço.”
O BTG não abre os números de quantos clientes tem no seu consumer banking. Perguntado se a base seria de algumas centenas de milhares de clientes, Sallouti só disse que o número é bem maior. Segundo o CEO, com foco nas classes A e B, o mercado endereçável é de cerca de 30 milhões de pessoas. “Se eu tiver 10% desse mercado, ou seja, 3 milhões de clientes ativos, será um sucesso total”, disse. “O número de clientes não é uma métrica tão relevante para nós, não é o que vai determinar o sucesso do nosso negócio”, reforçou Dantas.