O presidente do Banrisul, Cláudio Coutinho, afirmou que a demanda por crédito começou o ano forte, mas o recrudescimento da pandemia já mudou o cenário e deveria levar o governo a reativar os programas emergenciais lançados no ano passado, como Pronampe e FGI/Peac.
 
“Acreditamos que seria necessário que houvesse uma extensão dos programas. Já solicitamos a alguns órgãos do governo para que se faça um Pronampe 2 e um Peac 2, para fazer frente aos efeitos da pandemia na economia”, disse ao participar da “Live” do Valor. Ele também defendeu que se zere novamente o IOF sobre operações de crédito e que o governo retome o programa de redução de jornada e salário, para ajudar na preservação dos empregos. Para Coutinho, o repique da pandemia é preocupante. “Os prognósticos são de uma economia muito mais desaquecida com a segunda onda.”
 
De acordo com ele, a projeção do Banrisul para a expansão da carteira de crédito este ano, de 10% a 15%, parecia conservador quando foi divulgado, mas agora soa realista. “A demanda de crédito, na margem, está mais fraca em função dessa segunda onda, dos lockdowns em diversas cidades”, disse.
 
Ainda assim, o executivo se mostrou relativamente otimista, afirmando que com as lições do ano passado as autoridades já sabem como reagir e que o nível de incerteza agora é menor. “No início da pandemia não se tinha ideia de como se ia trabalhar, agora já se sabe dos riscos, certas atividades podem continuar, então é menos incerto que um ano atrás."
 
Sobre a operação do Banrisul, o presidente disse que não há nenhum sinal de aumento na inadimplência. Segundo Coutinho, até o momento, não há necessidade de fazer novas repactuações generalizadas de crédito, mas o banco está monitorando a questão. “Mais para frente se for necessário, vamos considerar. Até agora não há notícia de demanda nesse sentido, mas estamos acompanhando, tomando pulso para não deixar que cresça e vire um problema para os clientes”, afirmou.
 
Em relação à digitalização pela qual passa o setor financeiro, Coutinho, que já foi diretor financeiro do BNDES e fundador do banco CR2, afirmou que a estratégia do Banrisul é colocar cada vez mais funcionalidades nos canais digitais. “O cliente quer ter uma experiência boa em qualquer plataforma. A comparação hoje é transversal, não é só entre bancos, ou com fintechs, é de todo mundo contra todo mundo, em busca de eficiência e mirando a excelência no atendimento ao cliente.”